segunda-feira, 24 de outubro de 2011



Nina
por Rita Marize Farias

Nina quando os abriu, funcionou a olhar
em todos os detalhes, 
as roupas de Antônio postas sobre a cama,
na espera do pós banho.
Na sala,
beijou os cabelos louros do filho cheirando à novidade
Bateu a porta
À porta do mundo
fechou os olhos para as horas passadas
Atravessou o tempo
as ideias
os medos
soltou os cabelos
entregando-os ao vento
Saltou a espera
De olhos bem atentos
Varreu as vitrines da cidade
para além das cores e dos valores
Adiantou o pensamento
Pensou
Parou
Voltou a sonhar
Amassou o pensamento 
e o depositou delicadamente no lixo das ideias
Realizou.
Andando, ainda
A Nina tirou a roupa,
embora se mantivesse vestida.
Atravessou a passagem
Parou
Abriu a bolsa
fitou o papel cor de rosa
enfeitado de carinho
e abriu, além do coração,
pela primeira vez no dia,
o sorriso.
Atravessou mais uma vez, a outra rua
conferiu papel e fachada
marcou o passo no elevador.
Na subida,
Nina ganhou cor
odor
liquidez
insensatez, chegou a pingar, até!
Abriu-se
Estava lá
ao fundo do corredor
no lado esquerdo,
como no peito,
a porta.
Conferiu
papel e porta
abriu-se ela em flor
em sorrisos muitos, desde o primeiro
os dedos a funcionar em cachos novamente
cachos cheirando à novidade
outros
cachos grandes e negros
misturados aos quatro braços
de Nina e Luísa.
Ao fundo,
o reflexo de carinho
no copo de vinho tinto seco.
De espio,
tive que fechar a porta.

Coluna EnCena Poesia
uma visão da cena através da palavra
RITA MARIZE FARIAS
atriz e produtora cultural
Visite: http://interpoetica.com

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