segunda-feira, 20 de junho de 2011

Co-autoria

Há o escritor que acredita
que, bem, só ele é que leu
e repete a toda hora:
“O grifo é meu”.

Não resiste à tentação
De tornar um pouco seu
O pensamento dos outros:
Mas avisa; “O grifo é meu”.

Achando-se bem mais profundo
Do que o autor e do que eu,
Ele diz, sempre que pode:
“O grifo é meu”.

Seguro da descoberta
Qual um novo Galileu
Não contém o seu eureka:
“O grifo é meu”

MF. * “O grifo é meu.”
Millôr Fernandes































Nenhum comentário: