quinta-feira, 30 de junho de 2011

Movimento de Arte Contemporânea

Não saberia dizer se você esteve longe;
eu me deito com você; me levanto com você;
nos meus sonhos, estamos juntos.
Quando sinto os brincos vibrar nas orelhas,
sei que é você movendo-se no meu coração.

Nahuatl
  

quarta-feira, 29 de junho de 2011

domingo, 26 de junho de 2011

"Ela podia ir embora. Até devia. Não se importaria se corresse, sumisse. A ausência também é prazer, hein? Agora sentia um tremor nas carnes: podia confessar - ser esqueçido por Rachel era também uma forma de felicidade. Queria estar feliz porque fora esqueçido. Uma descoberta inquietante: até mesmo a ausência lhe provocava alegria. Era isso. Mais, mais ainda, se ela lhe esqueçesse para sempre, para o nunca mais, ainda assim era felicidade. Tudo, absolutamente tudo lhe causava prazer. Inclusive a ausência".


Trecho do novo livro de Raimundo Carrero: Seria uma sombria noite secreta. Lançamento dia 21/07 ás 19:00 na Livraria Jaqueira (Rua Antenor Navarro, 138 - Jaqueira)

LOPE

Pilar López de Ayala e Alberto Ammann em cena de Lope / Warner Bros/Divulgação

Pilar López de Ayala e Alberto Ammann em cena de Lope

Warner Bros/Divulgação

O cineasta carioca Andrucha Waddington, 41 anos, viveu a maior aventura da vida dele ao realizar o longa-metragem Lope, que estreia hoje no Cinema São Luiz. Lançado na Espanha em setembro do ano passado, o filme foi defenestrado pela imprensa espanhola, que não aceitou o fato de um estrangeiro ser o responsável pela cinebiografia de um herói nacional.
Na entrega do prêmio Goya 2011, o Oscar da Espanha, o filme não foi de todo esquecido: ganhou as estatuetas de melhor canção original, com o tema Que el soneto nos tome por sorpresa, do compositor uruguaio Jorge Drexler, e de melhor figurino, criado por Tatiana Hernández. O filme ainda foi indicado em mais cinco categorias, entre elas melhor atriz coadjuvante (Pilar López de Ayala) e melhor direção de arte.
Não foi por falta de empenho de Andrucha Waddington que o filme deixou angariar um sucesso maior. Afinal, esta coprodução entre o Brasil e a Espanha é de uma riqueza ímpar, tanto na reconstituição de época quanto na revelação de um personagem maravilhoso. Pense em Shakespeare apaixonado, o filme que também mostrou a juventude do dramaturgo e bardo inglês, e você terá a medida exata de Lope.
Felix Lope de Vega (1562- 1635), que escreveu mais de 400 comédias, 42 autos e centenas de poemas, é retratado por Andrucha no período inicial de sua vida literária.
(jconline.ne10.uol.com.br de 25/06/2011)

LOPE DE VEGA


LOPE DE VEGA
(1562-1635)
 
Lope Félix de Vega Carpio (1562-1635) nació en Madrid de padres humildes e hizo precoces estudios en esa ciudad y en Alcalá. En su desordenada vida particular combinaba simultánea y separadamente los papeles de amante, soldado, marido, secretario y sacerdote.

También literariamente fue un fenómeno de fertilidad productiva, escribiendo historias y novelas, poesía narrativa y dramática y lírica. Sin las innovaciones estilísticas de un Góngora, Lope cultivó variadas tradiciones populares y cultas con mucha facilidad y con intensas emociones dulces y fuertes.Su gran hazaña literaria fue, por supuesto, la creación de una comedia popular y nacional para el teatro madrileño: escribió centenares de piezas, combinando estrofas octosilábicas con las endecasilábicas, temas históricos con los literarios y amorosos. En cuanto a su poesía lírica es difícil hacer aquí más que mencionar rápidamente algunas muestras de la que él mismo publicó a lo largo de su vida.
Las canciones folklóricas aparecen principalmente en sus comedias.

Fue uno de los inventores principales del romancero nuevo (consagrado en el Romancero general de 1600); en este romancero él cuenta sus amores disfrazado de pastor o de moro; otros romances nuevos de tipo mas filosófico aparecen en la Dorotea (1632). Las Rimas bumanas (1602) contienen 200 sonetos, algunos petrarquistas y otros mitológicos o pastoriles, con muchos elementos autobiográficos. Sus 
Rimas sacras(1614) contienen 100 sonetos devocionales y hagiográficos, en los cuales la expresión sentimental del amor de Cristo se parece a la del amor humano; tambien en este tomo encontramos octavas, glosas, romances, canciones, tercetos, idilios y villainescas, todos llenos de una religiosidad muy personal.
IN: www.poesia_castellana.com

Felix Lope de Vega Carpio (1562-1635) nasceu de pais humildes em Madrid e fez pesquisas iniciais naquela cidade e em Alcalá. Em sua vida privada ao mesmo tempo confuso e, separadamente, combinando as funções de amante, soldado, marido, secretário e sacerdote.

Ele também foi um fenômeno de fertilidade produção literária, escrevendo contos e romances, poesia e narrativa dramática e lírica. Sem as inovações estilísticas de Góngora, Lope cultivou várias tradições folclóricas de forma fácil e doce e intensas emoções fortes. Sua grande conquista literária foi, naturalmente, a criação de uma comédia popular nacional para o teatro em Madrid, escreveu centenas de peças, combinado com as estrofes verso heróico octossilábico, com temas históricos, literários e amorosos. Quanto à sua poesia lírica é difícil rapidamente mencionar aqui apenas algumas amostras do que ele publicou ao longo de sua vida. As canções populares são na sua maioria em comédias.

Ele foi um dos inventores grandes baladas novo (reconhecida em Ballads geral,1600), no qual ele conta sua balada de amor disfarçado como um pastor ou como um mouro, outro novo tipo de romances são mais filosóficos em Dorotea (1632)Buman Rhymes (1602) contendo 200 sonetos, alguns Petrarca e outros mitológicos ou pastoral, com muitos elementos autobiográficos. Suas Rimas sagradas (1614), contendo 100 sonetos devocional e hagiográfico, onde a expressão sentimental do amor de Cristo assemelha-se do amor humano, neste volume também são oitavas, glosas, romances, canções, trios, e idílios villainescas, todos cheios de uma religiosidade muito pessoal.

Poema de Lope de Vega traduzido por jeronymo Rivera:

Definição do Amor
Desmaiar-se, atrever-se, estar furioso,
áspero, terno, liberal, esquivo,
alentado, mortal, defunto, vivo,
leal, traidor, covarde e valoroso;
não ver, fora do bem, centro e repouso,
mostrar-se alegre, triste, humilde, altivo,
enfadado, valente, fugitivo,
satisfeito, ofendido, receoso;
furtar o rosto ao claro desengano,
beber veneno qual licor suave,
esquecer o proveito, amar o dano;
acreditar que o céu no inferno cabe,
doar sua vida e alma a um desengano,
isto é amor; quem o provou bem sabe.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Os planos não me interessam. Odeio fazer planos. Nunca dar certo pra mim. Pensei em fazer um aniversário diferente. Iria para caruaru com Luana, morgou. Esperava um telefonema para passar esses dias em Arcoverde, morgou. Então fui ao torrons, mas não resolveu. Dessa vez fui salva pela falta de  paciência suficiente. Talvez na próxima tentativa...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Co-autoria

Há o escritor que acredita
que, bem, só ele é que leu
e repete a toda hora:
“O grifo é meu”.

Não resiste à tentação
De tornar um pouco seu
O pensamento dos outros:
Mas avisa; “O grifo é meu”.

Achando-se bem mais profundo
Do que o autor e do que eu,
Ele diz, sempre que pode:
“O grifo é meu”.

Seguro da descoberta
Qual um novo Galileu
Não contém o seu eureka:
“O grifo é meu”

MF. * “O grifo é meu.”
Millôr Fernandes































domingo, 19 de junho de 2011

Clotilde & Leandro se re-encontram no Santa Isabel

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Sábado, 18 Junho 2011
Peça inspirada em lenda recifense comemora um ano com apresentação hoje
O Teatro de Santa Isabel abriga, em seu palco, o melodrama “O Amor de Clotilde por um Certo Leandro Dantas”, um ano após a estreia do espetáculo na Cidade. Encenar nesse teatro possui um valor simbólico para a montagem: é no Santa Isabel onde a moçoila Clotilde conhece seu amor (o galante Leandro Dantas), no romance “A Emparedada da Rua Nova”, obra de Carneiro Vilela que inspira a peça. A sessão única de logo mais celebra a trajetória da montagem e coroa o projeto que, em junho passado, não tinha ideia do quanto agradaria. A história de amor já foi vista por cerca de dez mil pessoas. Seu potencial cênico recebeu, no 17º Janeiro de Grandes Espetáculos, as honras de melhor espetáculo, segundo a crítica e o público, e também de melhor maquiagem.
“Foi uma surpresa que a gente não esperava. Ela [a peça] vem tomando uma dimensão, que é a maior dos espetáculos que já fiz, tanto local quanto interestadual”, contou Tatto Medinni, um dos seis atores que integram o elenco.

A Emparedada da Rua Nova, é um romance que relata a história de Clotilde, emparedada viva pelo pai, o comerciante Jaime Favais, como castigo por engravidar do galante Leandro Dantas. A história do emparedamento da jovem é uma das lendas que fazem parte do imaginário recifense. Há quem acredite que a obra de Carneiro Vilela é inspirada em um caso nebuloso que de fato teria acontecido na época.
Em O Amor de Clotilde... somente algumas características dos personagens principais do romance original são mantidas para trabalhar o circo-teatro pernambucano e seu principal gênero dramático - o melodrama. A Trupe Ensaia Aqui e Acolá, tomou a liberdade de alterar o clássico da literatura local, inserindo reviravoltas e um novo desfecho para o casal que viveu um amor proibido no Recife do século XIX.

Com um Santa Isabel lotado, graças em parte, às redes sociais, digno de registro em todos os jornais da cidade, a peça encheu os olhos de quem foi ver e foi ovacionada no final. Não é todo dia que isso acontece! É fato que não estamos acostumados a ver um espetáculo local com ingressos disputados até por cambistas, com todos os lugares ocupados e um público ansioso e participativo.O teatro fica lotado quando vem peça do sudeste, trazendo atores globais que forçam um riso rá-rá-rá para esconder o constrangimento. Mas o espetáculo foi uma tapa com luva de pelica, uma resposta aos organizadores da festa de 160 anos do Teatro Santa Isabel que deixou de fora de pauta, trabalhos e artistas da terra .
Só não gostei de algumas músicas e das sandálias, poderiam ter sido mais originais e menos clichês.

Ah! No final foi servido um coquetel inspirado na peça, trazendo uma mistura de sabores, reunindo as emoções de um amor proibido.

O amor de Clotilde
by Fernando Bezerra (instrutor Senac-PE)

Ingredientes:
40 ml de suco de goiaba
20 ml de suco de maracujá
40 ml de suco de abacaxi
1 colher de creme de leite
1 colher de açúcar
20 ml de groselha

Preparo: bater na coqueteleira e servir no médio drinque. Decorar com abacaxi, laranja, cereja e canudo.

Beba com moderação!
Sucesso!

sábado, 18 de junho de 2011

Sarau Poético/Literário

O primeiro Sarau Poético do Programa MAIS, aconteceu no dia 16/06 no hall da portaria 4 do Hospital das Clínicas com a participação de diversos poetas recitando versos em homenagem ao poeta Manuel Bandeira, para deleite dos pacientes, acompanhantes e transeuntes do Hospital.
O  que é o MAIS - Manifestações de Ações Integradas à Saúde - Realizado no Hospital das Clinicas, unidade de assistência e ensino da Universidade Federal de Pernambuco, o projeto MAIS, iniciado em julho de 2007, desenvolve apresentações artísticas e culturais nas enfermarias, ambulatórios, halls, UTI, hemodiálise e demais espaços.
Proposta do Programa: unir medicina e arte em torno de uma causa nobre. Promover a cura, o alívio e o consolo através da arte. Minimizar a aflição, a ansiedade e a angústia de quem procura atendimento médico e de seus acompanhantes. Diminuir o estresse provocado pela responsabilidade e sobrecarga dos profissionais da área de saúde.
Quem faz o MAIS: alunos e profissionais dos departamentos de Música, Artes Cênicas e Ciência da Informação do Centro de Artes e Comunicação, e das áreas de Saúde do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, voluntários e artistas convidados participam desse projeto de humanização, que tem apoio da Pró-Reitoria de Extensão (PROEXT).
Coordenação: Profª Leniée Campos Maia
Vice-Coordenadora: Dra. Maria de Fátima Pinheiro
Coordenação do Ponto de Leitura: Lourival Pereira Pinto.

Arte de Amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.




Marcha das Vadias em Recife

Sábado, dia 11/06 às 15h, a praça do Derby foi palco para a edição recifense da Marcha das Vadias, movimento pelo direito das mulheres viverem de acordo com suas vontades e desejos. Fizeram parte do evento organizações que lutam pelos direitos das mulheres e movimentos ligados a estudantes. A marcha nasceu em maio deste ano, no Canadá, durante uma palestra em uma universidade de Toronto. Na ocasião, um policial disse às alunas que elas não deveriam se vestir como vadias para evitar estupros. Revoltadas com essa declaração, que culpabiliza as vítimas pelo crime do agressor, as universitárias resolveram fazer uma passeata para protestar contra o machismo e afirmar o direito das mulheres de vestir como bem entenderem. No Brasil, cerca de 300 pessoas fizeram parte da Marcha que aconteceu em São Paulo no domingo passado.




http://noticias.uol.com.br/album/110611_marcha_das_vadias_recife_album.jhtm

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domingo, 12 de junho de 2011

"Marcha das Vadias", em São Paulo, critica o machismo

Por: Redação da Rede Brasil Atual
Publicado em 04/06/2011, 19:15




"Marcha das Vadias", em São Paulo, critica o machismo
Cartazes criticando o sentimento de propriedade sobre o corpo feminino e ideias para ridicularizar o machismo deram o tom do protesto (Foto: Danilo Ramos)

São Paulo – Centenas de mulheres se reuniram neste sábado (4) na capital paulista para uma manifestação contra o machismo. A "Marcha das Vadias" teve origem no Canadá, há um mês, quando um policial afirmou que as meninas deveriam se vestir de maneira recatada para não provocar estupradores.
Desde então, o evento já se repetiu em diversas partes do mundo. Agora, na primeira edição no Brasil, as mulheres reafirmaram que o corpo não é mercadoria nem propriedade, com faixas bem humoradas e com críticas aos machistas.


AS VADIAS BRASILEIRAS SÃO OBRA DO (M)ACHISMOA orga­ni­za­dora da Marcha das Vadias no Brasil fala da orga­ni­za­ção e de como por aqui, a dis­cri­mi­na­ção sem­pre foi com­bus­tí­vel para fazer uma pas­se­ata

Por Juliana DiasDa Revista O Grito!, em São Paulo

A Marcha das Vadias, ver­são bra­si­leira da SlutWalk que ocor­reu no Canadá e já pas­sou pela Argentina, Estados Unidos, Inglaterra, Holanda e Nova Zelândia, che­gou ao Brasil e pro­me­teu levar mais de seis mil pes­soas à Avenida Paulista para pro­tes­tar con­tra o machismo e a culpa atri­buída às mulhe­res em casos de estu­pro — mas teve 300 pre­sen­tes na Marcha, segundo a Polícia Militar
A pri­meira Slutwalk acon­te­ceu no iní­cio do ano de 2011 em Toronto, no Canadá. Durante uma pales­tra sobre segu­rança em uma uni­ver­si­dade, um poli­cial disse que as estu­dan­tes deve­riam evi­tar se ves­tir como vadias (sluts) para não serem esco­lhi­das para o estu­pro. Depois, veio a res­posta: as mulhe­res cana­den­ses colo­ca­ram a banda (e o corpo) na rua para dizer que sim, podem se ves­tir como qui­ser, e a culpa dos abu­sos sexu­ais e estu­pros é do agres­sor, não da roupa que elas colocam.
No Brasil, o evento che­gou em junho e Solange De-Ré, que criou a mar­cha com o noivo e artista musi­cal Edu Udek (42) e a amiga e publi­ci­tá­ria Madô Lopez (28). Informados da SlutWalk cana­dense, eles resol­ve­ram implan­tar essa ideia no Brasil. “Esperávamos de 50 a 100 pes­soas. Quando vimos, deram duas mil. Daí veio a neces­si­dade de maior orga­ni­za­ção: cui­da­mos do poli­ci­a­mento e da cober­tura da mídia, para dei­xar o evento o mais bem divul­gado e pací­fico pos­sí­vel”, conta Solange. Tudo foi divul­gado no Facebook e, um dia antes de acon­te­cer, o evento con­tava com mais de seis mil confirmados. No sábado, dia 04, em que acon­te­ceu a SlutWalk bra­si­leira, foram 300 pes­soas, segundo da Polícia. Junto ao Brasil Chicago e Los Angeles (EUA), Edmonton (Canadá), Estocolmo (Suécia), Amsterdã (Holanda) e Edimburgo (Escócia) tam­bém rea­li­za­ram a cami­nhada. A reper­cus­são no exte­rior, no entanto, foi muito maior.
Na vés­pera da mar­cha bra­si­leira, em entre­vista à Revista O Grito!, Solange De-Ré con­tou sobre suas ideias e, claro, sobre a Marcha das Vadias.

“Vadia” não é uma pala­vra muito forte?
É. Mas que­ría­mos tra­du­zir a SlutWalk para o por­tu­guês. Quisemos ir a fundo no sen­tido e uti­li­zar a pala­vra que mais tinha a ver com o nosso idi­oma e repre­sen­tava o que mui­tos bra­si­lei­ros acham das mulhe­res que se ves­tem de forma mais pro­vo­cante: umas vaga­bun­das acéfalas.

Quais as prin­ci­pais ideias que a Marcha defende?
Defende que a mulher, inde­pen­dente de como se veste, merece res­peito. Devemos aca­bar com essa cul­tura da vio­lên­cia à mulher, da culpa pelo estu­pro. E tam­bém a opres­são. As pes­soas ficam ini­bindo as outras por causa do pre­con­ceito. Se, por exem­plo, uma guria usa um ves­tido mais colado e a outra já sente ciúme do namo­rado e chama de vadia. Temos de repen­sar isso. Reconsiderar os nos­sos jul­ga­men­tos, até para mudar nossa pos­tura. Só temos de res­pei­tar, aí, o limite do aten­tado ao pudor [risos].
Como você defi­ni­ria a Marcha das Vadias?
Não é rea­lity show nem car­na­val. Organizamos a mar­cha para deba­ter o machismo que atinge a soci­e­dade bra­si­leira e algo por qual toda mulher bra­si­leira já pas­sou: uma piada ou o pre­con­ceito por mos­trar mais do seu corpo. Não é como no Canadá, em que o poli­cial foi lá e disse o con­ceito de mulher estu­prá­vel. Aqui esses con­cei­tos acon­te­cem todo dia, den­tro da nossa cabeça. Nós [as orga­ni­za­do­ras] já dis­cu­tía­mos essas ques­tões, pois sofre­mos com dis­cri­mi­na­ção com as nos­sas rou­pas desde sem­pre. A Marcha foi uma opor­tu­ni­dade de colo­car no mundo o que con­ver­sa­mos entre nós. Quando uma mulher usa uma roupa mais colada, vêm logo os comen­tá­rios, e isso acon­tece muito, todo dia. Até parece que é a roupa que faz o estu­pro. Não é assim. O estu­pro vem da psi­co­lo­gia do estu­pra­dor. Independente da roupa, ele quer ver a mulher humi­lhada, sen­tindo dor e horror.
Você acha que a Marcha ape­nas pegou carona na onda de outras mani­fes­ta­ções?
Acredito que ela veio pela von­tade de levan­tar poeira, pela neces­si­dade de ir à rua. Tanto é que ela não está ligada a nenhum outro movi­mento que está rolando [como a Marcha da Legalização da Maconha ou Liberdade de Expressão]. Nossas ori­gens [os três são do Sul] tam­bém con­tam muito. Vemos mui­tos exem­plos legais na his­tó­ria da nossa região. Acho que temos essa garra de lutar pelo que não con­cor­da­mos e pelo que está errado. Minha esta­dia recente no Chile tam­bém influ­en­ciou muito a criar o movi­mento. Lá, eles vão para a rua pro­tes­tar, nem que sejam 20 pes­soas. Não é à toa que tem a cidade limpa e bem menos cor­rup­ção — e eles se orgu­lham disso. Aqui, a Marcha das Vadias veio para falar de como os homens enxer­gam as mulhe­res, e de como as mulhe­res enxer­gam as pró­prias mulhe­res: com machismo e muito preconceito.
Existe algum caso que você des­ta­que aqui no Brasil ou um exem­plo mais pes­soal de machismo?
O caso Geisy é o mais mar­cante no Brasil. Até per­gun­ta­ram se essa mar­cha não tem a ver com ela, mas não. Até seria legal se ela par­ti­ci­passe, pois a Geisy pas­sou exa­ta­mente por isso. Fizeram todo aquele movi­mento por um ves­tido curto na facul­dade. De caso mais pes­soal, vemos exem­plos todos os dias. Eu des­ta­ca­ria uma vez em que um cara deu uma inves­tida pesada em mim. Sou escri­tora, blo­gueira, atriz e já posei nua. Justamente por eu ser cabeça aberta e ter mos­trado o corpo ele for­çou a barra, dizendo que só por­que eu me expus eu deve­ria dar para ele. Também posso citar minha pró­pria famí­lia: o tra­ta­mento da mulher é dife­rente. Fui cri­ada no Paraguai, onde nasci, tenho pais de cabeça aberta que cri­a­ram minhas duas irmãs e os meus três irmãos. E ima­gina, até nela tinham dife­ren­ças de tra­ta­mento. Os meni­nos tinham mais liber­dade que as meni­nas. Mamãe dizia que a mulher devia se con­ter mais e pare­cer qua­li­fi­cada, mesmo que os homens que arru­más­se­mos não fos­sem tão “qua­li­fi­ca­dos” assim.
O que seria ser qua­li­fi­cada? O oposto da vadia?
Ser vir­gem, ser com­por­tada. É aquela regra que cos­tu­ma­mos brin­car, a regra de três. Você tem que dizer que só ficou com três caras na vida: o pri­meiro foi um namo­rado de mui­tos anos, com quem foi quase casada; o segundo foi um cafa­jeste e o ter­ceiro foi aquele para quem você está conhe­cendo agora.
Vocês rece­be­ram muito apoio? E crí­ti­cas?
Até agora, temos rece­bido mais crí­ti­cas posi­ti­vas que nega­ti­vas. Mas um pro­testo assim vai ser mal rece­bido entre os libe­rais e mais ainda por con­ser­va­do­res. Para mim, feio mesmo é a cor­rup­ção, as coi­sas do nosso país que não fun­ci­o­nam. Não se mos­trar e pro­tes­tar nas ruas.
Uma dúvida que mui­tos colo­ca­ram no Facebook é “com que roupa eu vou?”. Alguém che­gou a dizer que vai nu ou algo do tipo?
Teve gente que disse que vai na Marcha de rou­pão, para abrir lá. Assim é demais. O Brasil gosta de levar as coi­sas com humor, o que é bom, mas temos a ten­dên­cia de tudo virar car­na­val. E essa mar­cha não é um cabaré ou uma piada do Casseta & Planeta. É uma mani­fes­ta­ção polí­tica que tem sig­ni­fi­cado. Vivemos em uma Hollywood Tupiniquim, onde apa­re­cer e tornar-se artista é melhor do que fazer alguma coisa que traga mudan­ças. Salvo algu­mas exce­ções, a mai­o­ria das pes­soas pre­fere apa­re­cer a agir de forma política. Eu, por exem­plo, ia de cami­seta, pen­sei em várias fan­ta­sias… mas eu deci­dir ir mesmo é de Solange. Roupa curta, decote, coladinha.

domingo, 5 de junho de 2011

Interpoética e a política de formação de leitor


por Carminha Bandeira

A vivência acumulada há mais de cinco anos, resultante da paixão pela poesia e levada a cabo por estes três mosqueteiros - Cida Pedrosa, Raimundo de Moraes e Sennor Ramos – já conferiu ao site Interpoética.com o status de primeiro Ponto de Cultura Virtual, além do pleno reconhecimento, por parte dos poetas, de sua condição de maior site de poesia de Pernambuco. (Abençoada seja a nossa megalomania!)
No entanto, cabe ainda destacar um valor agregado, que merece ser compartilhado pelos seguidores e indicado como reflexão aos que definem e executam as políticas públicas de leitura: - trata-se do potencial de sites como este, que é ao mesmo tempo ambiente de acesso à informação e ferramenta para o exercício da leitura e da escrita, colocado à disposição para formação de leitores.
Entre os anos de 2005 - 2009, enquanto coordenei o Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores (Secretaria de Educação do Recife), tive a oportunidade de constatar, por dentro, a importância desse acervo de A a Z, dedicado à poesia pernambucana. Seja pela qualidade, seja pela magnitude, o site é um exemplo vivo de organização de acervo, permanentemente atualizado e disponível para ser acessado livremente pelo público interessado.
A relevância dessa iniciativa tornou-se mais evidente, especialmente no ano de 2008 – quando os poetas pernambucanos foram escolhidos como homenageados do ano letivo -, o que implicou no desafio de colocarmos à disposição de mais de 100 mil estudantes, com idade entre 02 e mais de 60 anos, matriculados em mais de 200 escolas (é claro que nem todas as escolas estavam conectadas na internet) obras poéticas e referências biográficas do maior número possível de poetas.
Infelizmente, as bibliotecas escolares (nem as públicas) não estavam suficientemente abastecidas para atender àquela demanda. Naquele momento, através do Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, havíamos instalado um processo de reestruturação e dinamização das bibliotecas escolares, mas por maior que fosse o nosso esforço e a nossa boa vontade, o que conseguimos levantar de acervo de poesia para tantos estudantes foi absolutamente irrisório.
Assim, uma das alternativas encontradas pela Secretaria de Educação foi editar um caderno, com seleção de doze poetas, incluindo uma pequena amostra de seus principais poemas e um texto com dados biográficos básicos, para distribuir aos estudantes e professores.
A outra saída veio com a descoberta do site Interpoética, que ampliou consideravelmente as possibilidades da pesquisa. Passamos a orientar os professores e mediadores de leitura a acessarem o site, que passou a ser a principal fonte de informação sobre o tema.
Podemos afirmar, sem exagero, que nunca se leu tanta poesia nas escolas municipais como naquele ano, e para nossa surpresa, nunca ficou tão claro o quanto a poesia é apreciada tanto pelas professoras e professores, como pelos estudantes, de todas as idades.
Desde as crianças de 02 a 06 anos, da Educação Infantil, aos adolescentes do Ensino Fundamental, estendendo-se aos adultos da EJA (60 anos ou mais), todos expressaram vivo interesse em ouvir, ler, dizer e participar dos saraus poéticos. Foi impressionante inclusive a adesão ao exercício da criação poética. Tantos poetas se revelaram inclusive os que não sabiam ainda escrever.
Naquele contexto, nasceu uma parceria formidável entre as equipes do Programa Manuel Bandeira e o Interpoética, que culminou na realização de dois projetos bem sucedidos: O Poeta de cara com a escola e A escola linkada na poesia.
 No primeiro, alguns poetas foram convidados para irem às bibliotecas escolares, dizer poesia, fazer saraus, interagir com os professores e estudantes no exercício da criação poética. No segundo, a experiência foi documentada processualmente, com a participação dos estudantes e disponibilizada no site. Numa outra etapa, as imagens editadas foram apresentadas para o grupo. Isso resultou na criação dos dois hotsites, com os nomes dos projetos, onde estão disponibilizadas as imagens, as criações, as aprendizagens desse processo, que podem ser acessados pelos leitores interessados.
Fazendo hoje uma retrospectiva dessa experiência, identifico importantes lições que podem ajudar a dimensionar ações e estratégias de políticas públicas de leitura:
A primeira se refere à importância do ambiente, para acondicionar adequadamente e disponibilizar os acervos e as informações para o público leitor. É claro que uma política de formação de leitores não se faz sem acervo, mas a experiência demonstra que ela não pode se restringir a distribuição de acervos e antes de começar a distribuir grandes quantidades de livro para as escolas é necessário preparar o ambiente para receber os livros e preparar pessoal para organizar e disponibilizar para empréstimo. A chegada dos livros às escolas sem a preparação prévia desse ambiente tem gerado muito transtorno à vida das escolas, gerando perdas consideráveis de livros, além de fazer com que sejam guardados da forma mais estapafúrdia, desde ficar trancados a sete chaves nos armários das diretorias, até irem parar nos almoxarifados e até em banheiros.
O ambiente pode ser virtual e temático, - como é o caso do Interpoética -, mas também pode ser físico e diversificado, como o que apontam as bibliotecas públicas, comunitárias e escolares. Esses ambientes devem ser amplos, acolhedores, adequadamente concebidos para acondicionar os livros, receber o público leitor (no caso das bibliotecas escolares, o grande número de estudantes) e propiciar situações interativas entre estudantes, professores, poetas, escritores, contadores de histórias, a começar pela comunidade e a cidade.
A segunda lição se refere à necessidade de articular esses dois ambientes: a biblioteca física e a biblioteca virtual. Essa articulação modifica radicalmente o conceito de biblioteca e rebate diretamente na identidade de um novo profissional, que mistura características de professor, bibliotecário, contadores de histórias, profissionais da comunicação e informação.
A concepção desse novo ambiente implica na ampliação do debate com diferentes setores e instituições da sociedade (universidades, profissionais de biblioteca e documentação, pessoal das tecnologias da informação e comunicação, pedagogos, poetas, escritores, leitores em geral) para refletirem sobre esse perfil e definirem programas de formação para mediadores de leitura.
A terceira lição se refere à relevância da Poesia enquanto gênero privilegiado na condução do processo de iniciação à leitura, seja pelas diferentes possibilidades que ela apresenta em lidar com a plasticidade da palavra, incluindo o ritmo, a sonoridade, a dimensão estética; além de desafiar a imaginação para a síntese e a formulação de conceitos e propiciar o exercício autoral.
Outro aspecto relevante da Poesia para a iniciação à formação do leitor / escritor, se refere ao fato de que a criação poética é um processo mental, que para se expressar de imediato, necessita da palavra, de forma que o poeta nasce antes de dominar a escrita.
Assim, a medida que o estudante ou leitor em formação se descobre poeta, inserido num processo compartilhado de produção de linguagem, se supõe que ele vá se sentir muito mais motivado a enfrentar o desafio de dominar a escrita, que passa a ter um sentido muito claro para ele. E isso é substantivamente diferente do que erradicar o analfabetismo, mas valorizar e incorporar a herança da tradição oral, que permanece tão viva em nosso meio, no processo compartilhado e ininterrupto de formação de leitores.
As pessoas, compartilhando processos de desenvolvimento e criação de linguagem, e gerando seus próprios acervos, devem ser a principal razão das políticas de leitura. E para que isso aconteça, é necessário investir no ambientes adequados, enquanto meios de produção de linguagens e construção de sujeitos.
Coluna Anot-ações
CARMINHA BANDEIRA
escritora e educadora




" Enquanto houver corações, Hão de nascer por aí novas canções " A Cor do Som

 
" Não desista de quem desistiu, do amor que move tudo aqui. " Pouca Vogal

 
 " Paz sem voz. Paz sem voz não é paz, é medo " O Rappa