sábado, 12 de maio de 2012

Li ontem um belo artigo no JC, "O poeta (quase) póstumo", escrito por Gustavo Krause, em homenagem ao poeta Daniel Lima, a quem não o conhecia e que deixou 27 livros inéditos, nas áreas de filosofia, teologia, estética, política e poesia. O único livro publicado é este Poemas, e isso só aconteceu porque alguns cadernos com suas poesias foram "roubados" pela amiga, a escritora e professora Luzilá Gonçalves Ferreira, que reuniu os versos num único volume e submeteu-o à Companhia Editora de Pernambuco (CEPE). Finalmente publicado, o livro Poemas acabou ganhando o prêmio da Fundação Biblioteca Nacional.
 

“Fico arrasado pela beleza que consegui apanhar na palavra que é tão pobre. O que escrevi me comove profundamente. O que eu escrevi passou de mim, transbordou-se do meu pensamento e da minha forma de configurar os objetos. Eu mesmo adoeço quando escrevo muita poesia.”
“Depois que escrevo os poemas sinto que transcendi a mim mesmo, não fui eu, foi alguém que gostaria de ser eu. Aconteceu uma coisa esquisita. Eu sou meio besta, doido, acho que com o tempo ficarei ajuizado.”


Nada será jogado no vazio


Nada será jogado no vazio.

Nem mesmo o vazio da vida,
porque é vida.

Nem mesmo o gesto inútil,
pois-que é gesto.

Nem mesmo o que não chegou a realizar-se,
pois-que é possível.

Nem mesmo ainda o que jamais se realizará,
porque é promessa.

E o próprio impossível
é vontade absurda de existir.
E nisso existe

Padre Daniel Lima (+2011)
Do livro POEMAS, de Daniel Lima, CEPE Editora. Prêmio Biblioteca Nacional 2011 (Livro 1, capítulo “Um Jumento e algumas Rosas”)

"A vida nunca é inteira, só se dá aos pedaços;
nunca se vive tudo,
nunca se vive todo.
A vida é sempre quase"

Nenhum comentário: