Li ontem um belo artigo no JC, "O poeta (quase) póstumo", escrito por Gustavo Krause, em homenagem ao poeta Daniel Lima, a quem não o conhecia e que deixou 27 livros inéditos, nas áreas de filosofia, teologia, estética, política e poesia. O único livro publicado é este Poemas, e isso só aconteceu porque alguns cadernos com suas poesias foram "roubados" pela amiga, a escritora e professora Luzilá Gonçalves Ferreira, que reuniu os versos num único volume e submeteu-o à Companhia Editora de Pernambuco (CEPE). Finalmente publicado, o livro Poemas acabou ganhando o prêmio da Fundação Biblioteca Nacional.

“Fico arrasado pela beleza que consegui apanhar na palavra que é tão pobre. O que escrevi me comove profundamente. O que eu escrevi passou de mim, transbordou-se do meu pensamento e da minha forma de configurar os objetos. Eu mesmo adoeço quando escrevo muita poesia.”
“Depois que escrevo os poemas sinto que transcendi a mim mesmo, não fui eu, foi alguém que gostaria de ser eu. Aconteceu uma coisa esquisita. Eu sou meio besta, doido, acho que com o tempo ficarei ajuizado.”
Nada será jogado no vazio
Nem mesmo o vazio da vida,
porque é vida.
Nem mesmo o gesto inútil,
pois-que é gesto.
Nem mesmo o que não chegou a realizar-se,
pois-que é possível.
Nem mesmo ainda o que jamais se realizará,
porque é promessa.
E o próprio impossível
é vontade absurda de existir.
E nisso existe
Padre Daniel Lima (+2011)
"A vida nunca é inteira, só se dá aos pedaços;
nunca se vive tudo,
nunca se vive todo.
A vida é sempre quase"
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