sábado, 26 de maio de 2012

MARCHA DAS VADIAS

                                                                                     Fonte: g1.globo.com/

Se ser vadia é ser livre, somos todas vadias
Este ano, os participantes (sobretudo, as mulheres) estão levantando a bandeira contra a “culpabilização” da mulher em casos de agressão sexual. Isso significa, em outras palavras, que a Marcha pretende contestar o mito de que as mulheres são culpadas pela agressão que sofrem.
A Conde da Boa Vista ficou repleta de faixas, cartazes, cores e mulheres que saíram com pouca roupa, para protestar pelo direito de serem livres, de utilizarem seu corpo com respeito e responsabilidade. Os passantes não entendiam bem o que se passava, perguntavam o que estava acontecendo, alguns criticavam duramente, achavam uma pouca vergonha. Ouvi um homem dizer que só tinha sapatão e lésbica. Redundante, não? Um outro homem comentou comigo em tom de provocação, que as mulheres estão muito violentas.Uma jovem disse que machismo não muda nunca. As paradas estavam lotadas, aumentando ainda mais a intolerância de algumas pessoas com a demora dos ônibus. Vejam algumas frases:

“Uma mulher precisa de um homem assim como um peixe precisa de uma bicicleta”. [GLÓRIA STEINEN]
Um homem sem camisa:
(   ) está com calor
(  X ) Quer ser estuprado!

Sou vadia e exijo respeito!
Não é sobre sexo, é sobre liberdade
inha, inha, inha, a porra da buceta é minha!
Feminismo não tira férias!
Eu gozo com sabonete, não preciso do seu pau.
Mulher bonita, é mulher que luta.
Cantada de veado não dói.
Se o corpo, se o corpo é da mulher, ela dar pra quem quiser!
O Feminismo está passando por aqui.
Vou te dar um conselho de mulher para mulher: você não precisa ser santa, nem puta. Você pode ser LIVRE.
Vadias são polêmicas.
Mantenha o seu rosário longe do meu ovário.
Se ser vadia é ser livre, somos todas vadias.
Machismo mata e fede.
Eu não tô fazendo doce. Não é Não!


sábado, 12 de maio de 2012

Li ontem um belo artigo no JC, "O poeta (quase) póstumo", escrito por Gustavo Krause, em homenagem ao poeta Daniel Lima, a quem não o conhecia e que deixou 27 livros inéditos, nas áreas de filosofia, teologia, estética, política e poesia. O único livro publicado é este Poemas, e isso só aconteceu porque alguns cadernos com suas poesias foram "roubados" pela amiga, a escritora e professora Luzilá Gonçalves Ferreira, que reuniu os versos num único volume e submeteu-o à Companhia Editora de Pernambuco (CEPE). Finalmente publicado, o livro Poemas acabou ganhando o prêmio da Fundação Biblioteca Nacional.
 

“Fico arrasado pela beleza que consegui apanhar na palavra que é tão pobre. O que escrevi me comove profundamente. O que eu escrevi passou de mim, transbordou-se do meu pensamento e da minha forma de configurar os objetos. Eu mesmo adoeço quando escrevo muita poesia.”
“Depois que escrevo os poemas sinto que transcendi a mim mesmo, não fui eu, foi alguém que gostaria de ser eu. Aconteceu uma coisa esquisita. Eu sou meio besta, doido, acho que com o tempo ficarei ajuizado.”


Nada será jogado no vazio


Nada será jogado no vazio.

Nem mesmo o vazio da vida,
porque é vida.

Nem mesmo o gesto inútil,
pois-que é gesto.

Nem mesmo o que não chegou a realizar-se,
pois-que é possível.

Nem mesmo ainda o que jamais se realizará,
porque é promessa.

E o próprio impossível
é vontade absurda de existir.
E nisso existe

Padre Daniel Lima (+2011)
Do livro POEMAS, de Daniel Lima, CEPE Editora. Prêmio Biblioteca Nacional 2011 (Livro 1, capítulo “Um Jumento e algumas Rosas”)

"A vida nunca é inteira, só se dá aos pedaços;
nunca se vive tudo,
nunca se vive todo.
A vida é sempre quase"