quinta-feira, 26 de janeiro de 2012



Valdemilton Alfredo de França, o Poeta França de Olinda, foi um dos criadores mais originais, reverenciados e subversivos da poesia em Pernambuco, desde os anos 80 até os 2000.Multiartista e griot pós-moderno, publicou os livros A Cor da Exclusão e Cafuné; começou e manteve, com Sil, a editora artesanal Mão-de-Veludo, liderou o recital Eu, Poeta Errante; fundou o grupo TAO, Teatro dos Amadores de Olinda; entre tantas outras atividades culturais durante sua vida.
Ativista da emancipação dos negros de todas as cores, amigo terno e incentivador da descoberta da poesia para tanta gente, presença constante na boemia e na paisagem corpoética de Recife e Olinda.
Sua obra completa e um pouco de sua história são reunidas no livro Poeminflamado, e neste site – ponto de encontro e divulgação de sua obra, para que seus admiradores e as futuras gerações continuem a se divertir, aprender e agir com a companhia de sua arte.

POEMAS DE FRANÇA

O novo quebrou
a casca do ovo
e emudeceu o antigo

Quem deflagra uma guerra
perde o poder de 
dar-lhe rumo

O meio exato é a
negação dos extremos
Ah, ah, ah, quem de mim
terá aplausos?

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Vens tão mansa
Vens tão bela
Que fechas as portas
Atrás de ti
Vens… vem… vem…
O gato brilha
A porta geme
A tua mão me descostura
Ao sabor do vento
E agora te vejo precisamente:
Vais?
Vens ou vais?
Vem e vai!
Ou sou eu que
Não sei se sou tobogã
Ou gangorra?
Masmorra
Tronco
Calabouço
Porão do teu âmago
Me vejo tão dentro de ti
Que cacimba te mataria a sede?
Se não fosse pelo teu
Sabor acidoalcalino,
Abacateabacaxi
Eu não saberia
Se tobogã ou gangorra
Te atrairia hoje!
*******

Cadê o seu cartão?
Não tem cartão?
Ponha um carimbo de LIVRE PASSE
na sua identidade
E passe e repasse sua trajetória
É lícito. Não é usual
Grite o seu pensamento
Esparrame sua dor
Multiplique o alarido
Pra que não descanse em paz
         o seu opressor
       ************

Não fiquei até o final. Senti falta de alguém para conduzir as coisas, talvez ainda fosse acontecer o que estava previsto na programação. Gostaria de ter visto a atuação dos poetas, mas faltou Silvana (?) pra conduzir, faltou um microfone, faltou enxugar o tempo na apresentação do vídeo que deveria ter passado pequenos trechos e ter criado maior expectativa no público para ver depois, ou será que estou sendo formal demais para um encontro marginal?

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