domingo, 16 de janeiro de 2011

CARLOS PENA FILHO| 50 ANOS DE MEMÓRIA

Ontem passei no Santander Cultural para ver o show de Francis Hime e aproveitei, enquanto esperava, pra ver a Mostra em homenagem ao poeta, que encerra-se hoje. Carlos Pena Filho foi um dos maiores poetas que Pernambuco já teve, infelizmente com uma vida muito curta e tão tragicamente desaparecida aos 30 anos. Suas poesias são repletas de musicalidade e com forte apelo visual, fazem referência ao movimento, à luz e às cores - em especial ao AZUL-, característica que o tornou conhecido como o Poeta do Azul. A Mostra divide-se em dois módulos: o primeiro destaca a história e a sua obra através de fotos, objetos e textos que revelam sua formação acadêmica, vida social, relações pessoais e morte prematura. No espaço audiovisual,podemos apreciar sonetos musicados, interagir de forma lúdica com os textos e a cenografia, além de assistir a documentários. No segundo módulo, vinte artistas convidados, entre fotógrafos, pintores e escultores, desenvolveram obras originais inspiradas nos sonetos do poeta.

A SOLIDÃO E SUA PORTA

Quando nada mais resistir que valha
A pena de viver e a dor de amar.
E quando nada mais interessar,
(nem o torpor do sono que se espalha).

Quando, pelo desuso da navalha,
A barba livremente caminhar
E até Deus em silêncio se afastar,
Deixando-te sozinho na batalha,

A arquitetar na sombra a despedida
Do mundo que te foi contraditório,
Lembra-te que, afinal, te resta a vida

Com tudo o que é insolvente e provisório,
E de que ainda tens uma saída:
Entrar no acaso e amar o transitório.


PENA FILHO, Carlos. Livro Geral - Poemas. Recife: Ed. Liceu, 1999.

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