quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Algumas coisas não mudam nunca... o atraso e a lotação do ônibus Monsenhor Fabrício, a chatice de algumas pessoas, a solidão, o tic-tac do relógio, a passagem do tempo, o tempo não para.
Romântico é sonhar e eu sonho assim,
cantando estas canções para quem ama igual a mim.
— Cássia Eller

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

algumas coisas não mudam, mas dependendo do estado de espírito de quem está vendo, não cansa. O mundo gira o tempo todo e concordo com Chico Science, um passo, outro lugar. Outras coisas não mudam -  fazer esperar, ligar dezenas de vezes dizendo que está chegando e nunca chega, fazer se arrastar para um encontro, ter as mesmas conversas, as mesmas lamentações, ver o corpo engordar, citar frases de efeito, teorias que não se equivalem à prática, sentar numa mesa de bar, jogar conversa fora, tentar seduzir pelo álcool, gestos ou palavras. Parece que o giro foi de 180º ao contrário. Algumas coisas não mudam mesmo. Quero algo novo. Se pudesse fechar os olhos e girar, faria alguma diferença?

domingo, 25 de dezembro de 2011

Hoje é domingo

É o último domingo do ano que não parece domingo, que não está tedioso, que não está morgado, silencioso, insosso, solitário. Fizemos o amigo secreto de casa e também a entrega de presentes para todos. Começou por Luana que tirou Mariana que me tirou. Tirei Ofélia que tirou Luana que já havia tirado. Recomeçou por Luciene que tirou vovó que tirou vovô que tirou Margareth que tirou Aparecida que tirou Leônidas que tirou Luciene. Fizemos muitas poses, caras, bocas, muito barulho e confusão.
Voltou a fazer silêncio, chuveiro e descarga funcionando. Ao cair da tarde, sairei com minha amiga Vera, iremos assistir ao "Baile do Menino Deus" no Marco Zero, depois vamos visitar a decoração do recife antigo, comer e beber alguma coisa e porque hoje é domingo e não há pressa, fico até com preguiça de pensar, sair do canto, sentir saudade...

domingo, 11 de dezembro de 2011

Mudança






Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!




***Texto de Clarice Lispector

domingo, 4 de dezembro de 2011

                                      
(closed area (by daylessday)


A LISTA
Oswaldo Montenegro

 
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você

Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver

Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você

Acasos






Desde sexta-feira (01/12) vem acontecendo coisas estranhas comigo. Havia cinco chamadas não atendidas no meu celular, de um número não reconhecido. Liguei e quem atendeu foi a diretora da escola. Alguns minutos depois, perguntei se ela havia ligado para mim, não havia. Conferi o número, completamente diferente.
Ontem, passei 7 horas na companhia de uma pessoa chamada Fábio. Peguei meu ônibus e sentei numa cadeira onde já havia um rapaz. Em certo momento, começamos a conversar e quase me surpreendi quando me disse se chamar Fábio. São apenas coincidências ou tem outro nome?

terça-feira, 29 de novembro de 2011


(Photography by Matt Wisniewski)

Não sei o que me deu de me perder, achei que conhecia o lugar, achei que já havia estado lá... me enganei. Andei tanto, suei e como já era muito tarde, fui direto pra cadeira da minha terapeuta, disputar mais um round.

sábado, 26 de novembro de 2011

Tô meio sem paciência, abusada com tudo e todos. Sacudi a poeira da estante, guardei papéis e corri para o ponto do ônibus. Estou meio preguiçosa até pra pensar.

"Se for perder a paciência, perca com calma" (Beatriz Lino)
Já ouvi esta frase... um tanto inusitada, mas enfim, não sei se é possível ter calma nesse caso. Perde-se e pronto.

sábado, 19 de novembro de 2011

Primeiro clipe póstumo de Amy Winehouse é divulgado


Divulgação
Capa do disco póstumo de Amy WinehouseDE SÃO PAULO
A canção "Our Day Will Come" foi escolhida para registrar o primeiro clipe póstumo de Amy Winehouse. O vídeo reúne momentos de shows, cenas de videoclipes e fotografias da cantora inglesa.

Cover do grupo Ruby and The Romantics, a música é faixa do "Lioness: Hidden Treasures", álbum formado por gravações deixadas pela cantora retrabalhadas pelos produtores Mark Ronson e Salaam Remi, que será lançado em 5 de dezembro.

Entre as doze faixas do disco póstumo estão composições inéditas, como "Between The Cheats", e versões para músicas de outros artistas, entre elas uma gravação de "The Girl From Ipanema" --registrada durante as sessões para o álbum de estreia da cantora. Também estão no disco versões alternativas para sucessos como "Tears Dry On Their Own".

Na Inglaterra, uma libra de cada cópia vendida será destinada à Fundação Amy Winehouse, criada pela família da artista para ajudar jovens com problemas.
Amy Winehouse morreu em julho deste ano. Em outubro, foi revelado que a morte da cantora foi causada por intoxicação por excesso de álcool.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=CxYRbzGi8Rg

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Passei um dia feriado mesmo. Tava a fim de nada. Mergulhei nos livros, terminei um que estava no final, iniciei outro, fiz sudoku, naveguei um pouco. Entre um intervalo e outro, tomei um banho e deixei seja lá o que for, escorrer pelo esgoto. Nada como uma faxina. Salva.

domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre o livro "Viagem à India", por Gonçalo M. Tavares – Bem, nunca fui à Índia. Este livro é uma viagem totalmente imaginária. Fica em suspenso a hipótese de não ser uma viagem real do protagonista, Bloom, mas de ser uma viagem imaginária, quase um sonho. O que me parece relevante nessa relação com o Oriente é que todos nós, ocidentais, temos quase instintivamente a ideia que o Oriente é assim uma espécie de lado metafísico e espiritual, enquanto o Ocidente será mais o lado materialista. E é um pouco esta ilusão de que no Oriente o espírito está em todo o lado que está na base da viagem do protagonista.
- Bloom, o anti-herói do livro, acaba por descobrir um mundo relativamente igual em todo o lado.
G.M.T. – Sim, vai encontrando o mesmo. E o que me parece que está a acontecer na relação entre o Ocidente e o Oriente é um pouco isso. Alguns ocidentais vão para o Oriente à espera de encontrar o espírito e, por outro lado, alguns orientais vêm para o Ocidente para encontrar a matéria. É um pouco esse conflito que está na base do livro.


 - Há aqui um certo desencanto por aquilo em que se transformou a viagem enquanto experiência, neste mundo dos aeroportos e da globalização?
G.M.T. – Sim… Nunca tinha pensado directamente sobre a questão da viagem, do aeroporto, mas há um pouco isso. Esta viagem apesar de tudo recupera a ideia da viagem enquanto percurso. Não viagem enquanto destino, porque Bloom sai de Lisboa no canto I e só chega no canto VII à Índia. Faz uma viagem estranha, por Paris, Londres… E o que é importante é mesmo o percurso. Só nesse aspecto é uma viagem antiga, porque as contemporâneas são aquelas em que se procura atingir o destino o mais rapidamente possível. Aqui Bloom atrasa-se, não vai pelo caminho mais recto. Interessa-lhe aprender – é uma viagem de aprendizagem.

sábado, 12 de novembro de 2011

11/11/2011

“Publicar livro é secundário", diz Gonçalo M. Tavares na

 Fliporto 2011

Escrever é a tarefa essencial para escritor que integra painel no domingo.
Ele já recebeu os mais importantes prêmios em língua portuguesa.

Luna MarkmanDo G1 PE
Gonçalo M. Tavares na Fliporto 2011 (Foto: Luna Markman/G1)Escritor Gonçalo M. Tavares na Fliporto 2011
(Foto: Luna Markman/G1)
Para Gonçalo M. Tavares o escritor tem que se preocupar apenas em ler e escrever e ponto final. “Publicar é algo secundário. O escritor tem que ler muito e escrever muito para só depois pensar em editar a obra. Críticas e prêmios não têm muita importância”, comentou o poeta português, convidado da 7° Edição da Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto). O evento começou nesta sexta-feira (11) e segue até a próxima terça (15), em Olinda.
A conversa com o escritor e professor universitário foi na pousada onde ele está hospedado no Sítio Histórico, apenas três horas depois de uma maratona de aviões e aeroportos entre Lisboa e Recife. A cara de sono e a roupa amassada eram os sinais. Mas o papo flui. Assim como as dezenas de livros já criados por ele, um atrás do outro. Até agora, 14 foram lançados. Hoje com 42 anos, ele esperou passar dos 30 para mostrá-los ao mundo.
“Sempre tive em mente que era preciso ler muito para me sentir preparado. Comecei na juventude, com obras clássicas. Entre os 20 e 30 anos, escrevi dezena de livros. Achava, e ainda acho, que eles precisam passar pela crítica do tempo para mostrarem seu valor. Eles têm que me vencer pelo cansaço para eu sentir que não há nada mais a ser retocado”, explicou. E foi justamente pelo legado do francês Albert Camus, um dos mais representativos do século 20, que ele começou a incursão pelo mundo da literatura. Hoje, é Gonçalo uma das referências de sua geração em Portugal.
O poeta sente mesmo prazer na escrita. “Quando faço 20 páginas no dia, me sinto realizado”, brinca. Por isso, a publicação acaba sendo apenas uma consequência, não o fim. É essa a mensagem que ele vai passar ao público que estiver presente no painel “Como e por que sou escrito”, quando dividirá a mesa com Fernando Baéz, às 10h, do domingo (13), durante o congresso literário. “É preciso sentir a necessidade orgânica de escrever para virar escritor. É algo que surge naturalmente”, falou.
O bairro
Gonçalo é o autor da série de livros “O bairro”, pela qual já saíram dez títulos. O primeiro foi “O Senhor Valéry”, em 2002. Segundo, este é um projeto de vida. “Criei um bairro imaginário utópico, onde moram personagens que homenageiam escritores e artistas que admiro. Não está definido nem no tempo, nem no espaço, mas seria um lugar que eu gostaria de visitar”, brinca. Pelo menos 40 romances já estão definidos, entre eles, os inspirados na escritora Virgínia Woolf e na coreógrafa Pina Bausch. A escritora Clarisse Linspector também deverá ser lembrada.
Apesar da “curta” carreira editoral, ele já recebeu os mais importantes prêmios em língua portuguesa. Seus livros deram origem a peças de teatro, objetos artísticos, vídeos de arte, ópera, entre outras produções. A obra já foi traduzida em mais de 32 países. O último livro lançado foi “Uma Viagem à Índia” (2010).

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Pobre

Aos meus versos não dou preço,
Que os faço por desfastio.
Mas só com eles me aqueço.
      Tenho frio!
Por desfastio, brincando,
Quem me quiser que me tome.
É assim me vou sustentando.
      Tenho fome!
Brincando os deixo — gotinhas
Na secura da parede.
Não há fontes mais vizinhas...
      Tenho sede! tenho sede!

Autor: José Régio (1901-1969)
Poeta português, do livro Música Ligeira
(Portugália Editora)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011


"A Pele Que Habito" estreia e devolve Almodóvar aos cinemas

Exibido no Festival do Rio, filme acumula críticas positivas
divulgação
Foto
Filme foi exibido no Festival de Cinema do Rio de Janeiro
Se considerarmos o bom desempenho da última obra de Woody Allen, “Meia Noite em Paris”, no Brasil, não é tão surpreendente a expectativa observada por aqui em relação ao novo filme de Pedro Almodóvar, cuja estreia está confirmada para 14 de outubro.
O público brasileiro tem demonstrado sinais de amadurecimento na hora de escolher a diversão do fim de semana. Os blockbusters continuam no topo, mas os grandes diretores conseguem se aproximar das primeiras posições do ranking.
“A Pele Que Habito” certamente terá uma resposta significativa em seu primeiro final de semana no circuito. Almodóvar é tão cultuado quanto Allen, e sua identificação com o Brasil, seja nas trilhas sonoras, na amizade com Caetano Veloso ou nas declarações simpáticas de sempre, é outro fator a favor do cineasta.

Lançado oficialmente no Festival do Rio, o filme traz Antonio Banderas no papel principal. Banderas interpreta o cirurgião plástico Richard Legrand, que após perder a esposa em um acidente automobilístico inicia pesquisas para obter a pele perfeita, a estrutura que teria impedido a perda de sua companheira.
A trama “futurista”, jocosamente vivenciada em 2012, apresenta, a partir do drama de Legrand os vícios modernos e clássicos dos homens, sempre com a identidade cinematográfica de Almodóvar. A grande estreia de outubro, inquestionavelmente.
http://www.acampinas.com.br

segunda-feira, 24 de outubro de 2011



Nina
por Rita Marize Farias

Nina quando os abriu, funcionou a olhar
em todos os detalhes, 
as roupas de Antônio postas sobre a cama,
na espera do pós banho.
Na sala,
beijou os cabelos louros do filho cheirando à novidade
Bateu a porta
À porta do mundo
fechou os olhos para as horas passadas
Atravessou o tempo
as ideias
os medos
soltou os cabelos
entregando-os ao vento
Saltou a espera
De olhos bem atentos
Varreu as vitrines da cidade
para além das cores e dos valores
Adiantou o pensamento
Pensou
Parou
Voltou a sonhar
Amassou o pensamento 
e o depositou delicadamente no lixo das ideias
Realizou.
Andando, ainda
A Nina tirou a roupa,
embora se mantivesse vestida.
Atravessou a passagem
Parou
Abriu a bolsa
fitou o papel cor de rosa
enfeitado de carinho
e abriu, além do coração,
pela primeira vez no dia,
o sorriso.
Atravessou mais uma vez, a outra rua
conferiu papel e fachada
marcou o passo no elevador.
Na subida,
Nina ganhou cor
odor
liquidez
insensatez, chegou a pingar, até!
Abriu-se
Estava lá
ao fundo do corredor
no lado esquerdo,
como no peito,
a porta.
Conferiu
papel e porta
abriu-se ela em flor
em sorrisos muitos, desde o primeiro
os dedos a funcionar em cachos novamente
cachos cheirando à novidade
outros
cachos grandes e negros
misturados aos quatro braços
de Nina e Luísa.
Ao fundo,
o reflexo de carinho
no copo de vinho tinto seco.
De espio,
tive que fechar a porta.

Coluna EnCena Poesia
uma visão da cena através da palavra
RITA MARIZE FARIAS
atriz e produtora cultural
Visite: http://interpoetica.com

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Prêmio TOC140. Resultado da 2a. etapa


Prêmio TOC140. Resultado da 2a. etapa

TOC140! Participação recorde. Canadá – Japão – Portugal – Brasil: Alagoas – Bahia – Ceará – Goiás – Minas Gerais – Paraná – Pernambuco – Rio de Janeiro – Rio Grande do Sul – Santa Catarina – São Paulo – Espírito Santo – Tocantins

Prêmio TOC140. Resultado da 2a. etapa
Antônio Campos, curador da Fliporto, a Coordenaçáo e a Comissão Julgadora do segundo TOC140 Poesia no Twitter têm a honra de apresentar o resultado do julgamento da segunda etapa do concurso, ao tempo que parabenizam todos os concorrentes pelos momentos de beleza que agora repartem os amigos da Fliporto 2011 na Grande Teia.  O endereço de votação dos 10 selecionados, para definição do primeiro, segundo e terceiro lugares, será publicado em breve. Faça a sua campanha e sejam todos muito bem-vindos!
PROCEDÊNCIA DAS INSCRIÇÕES DOS SELECIONADOS NA 1ª. E 2ª. ETAPAS
Canadá – Japão – Portugal – Brasil: Alagoas – Bahia – Ceará – Goiás – Minas Gerais – Paraná – Pernambuco – Rio de Janeiro – Rio Grande do Sul – Santa Catarina – São Paulo – Espírito Santo – Tocantins
TOC140 POESIA NO TWITTER
Comissão Julgadora: Antônio Campos, Delasnieve Daspet, Haidée Camelo
Coordenação: Cláudia Cordeiro
Monitoramento: Luanda Calado
2ª. ETAPA
RESULTADO
SELEÇÃO DE INSCRIÇÕES ATÉ 10 DE
OUTUBRO DE 2011 – 
50 PARA A ANTOLOGIA E, DENTRE
ELES, 
5 PARA A VOTAÇÃO ON LINE QUE DEFINIRÁ OS VENCEDORES
OS 5 FINALISTAS DA SEGUNDA ETAPA
@GerusaLeal O outono cintila em prata nos cabelos dela / No sorriso largo e na blusa florida / ainda passeia descuidada a
primavera.#TOC  – Gerusa Barbosa Leal. Olinda, PE
@juauqxz Homologia// Não à toa/ o movimento de abrir janelas,/ abrir asas/ e abrir livros é o mesmo:/ é o movimento da liberdade. #TOC – João Paulo Silva Mammana. Sumaré, SP
@marcos1moura GOYA TRAGOU MEU SONO// Éluard eternizou-se em minhas pálpebras/ Matisse sarou as feridas/ E até hoje vangogueio/ Pelos campos da cana #TOC – Marcos Roberto Moraes de Moura. Recife, PE.
@Sempoesianaoda OLHOS DE LIZ TAYLOR-Tão fácil antes/falar deles:/céus acesos na tela./Difícil é agora/que se apagaram/como safiras engolidas por lobos # TOC – Sérgio Bernardo. Nova Friburgo, RJ
@simonebrichta Ex-impressionismo// No lago do cisne/ a bailarina de Degas/ ouviu o grito de Munch. #TOC – Simone de Fátima Brichta. Fortaleza, CE
SEGUNDA ETAPA
OS CINQUENTA POEMAS SELECIONADOS PARA A ANTOLOGIA

(Inclui os 5 finalistas)
@_fergath O mal do poeta é/ o amor não realizado/ ou achas que eu trocaria/ uma noite de amor tranquila/ por 19 poemas desajustados? #TOC – Fernanda Burgath. Ponta Grossa, PR
@ABRevoredo ELEFANTE// A tromba, que engraçada/ mais parece o outro lado/ é como se fosse uma peça/ que Deus colocou errado. #TOC – Alexandre de Barros Revoredo. Garanhuns, PE
@anapeluso UMA FOLHA // fina assim / de papel, rasgo de azeviche / de cílio / de ontem / de pele, de espelho / aroma, de vento / de toque / você. #TOC – Ana Peluso. São Paulo, SP
@andrefoltran Reconciliação // naquela tarde, / sem nem ter reparado, / ela devolveu a lua / ao céu de onde tinha roubado. #TOC – André Felipe Soares Foltran. São José do Rio Preto, São Paulo
@avdemorais INSPIRAÇÃO//No silêncio da palavra/nasceu minha poesia/Naquele breve instante/entre ouvir e calar./E a mão, atenta/escreveu o verso.#TOC – Amélia Veloso de Morais. Olinda, Pernambuco.
@BetoQuelhas CONVIR// foi com flores que te esperei passar/ esperaria o resto de minha existência/ não fossem as flores/ que estavam em minhas mãos #TOC – Roberto Mendonça Quelhas. São Paulo, SP
@cerquize MUDANÇA// Na menor distância entre a intenção e o gesto/ Entre o extremo e o centro/ O mundo muda por fora/ Se nós mudarmos por dentro #TOC – Felipe Cerquize. Rio de Janeiro, RJ
@CesarDosAnjos7 MENINO NO MATO// eu queria que meus pés / cansados / cantassem as alegrias / de caminhar na terra. #TOC – Sandro Caetano de Sá. Olinda, PE
@crisdakinis AOS DISTRAÍDOS!// Só os incautos ouvem a poesia do dia./ Distraídos que estão,/ do seu diário ganha-pão. #TOC – Ana Cristina Mendes Gomes, São Pedro da Aldeia, RJ
@DanielaGaldino3 PARALELISMO // na retomada do tempo / deram-me um corpo / feito mote / e eu glosei. #TOC– Daniela Galdino Nascimeno. Itabuna, Bahia.
@Dayvsonfabiano SUSTENIDO SILÊNCIO // Docemente reluzi a minha face / solidificando lágrimas / no silêncio / que te doei. #TOC – Dayvson Fabiano Oliveira de Lacerda. Recife, PE
@diosouza Insônia// Quando dormi tinha um grande rebanho/ Acordei e não o tinha mais./ Pastor inteligente é aquele que não dorme! #TOC – Diógenes Souza Freitas. Caruaru, PE
@edusleverve Entre a voz e a poesia, induzido à estesia, o abismo pede a ponte dos teus versos. #TOC – Carlos Eduardo Sales de Souza. Paulista, Pernambuco.
@Edweine IRAQUE// Massacre./ E, numa guerra que engana,/ caixões de madeira/ compõem as fileiras/ da parada Americana. #TOC – Edweine Loureiro da Silva. Saitama, Japão.
@erikapoetisa INFINITOS//No caminho sem caminho/ caminho/se eu chegar em algum infinito de mim/ que seja encontro.#TOC – Érika Renata Alves Santos. Garanhuns, PE
@GarotaNatu MINHA PALAVRA NÃO DIZ NADA, MEU CORAÇÃO FALA, MAS O SILENCIO FICA. #TOC – Cheyenne Fernandes Silva. Jaboatão, PE
@GerusaLeal O outono cintila em prata nos cabelos dela / No sorriso largo e na blusa florida / ainda passeia descuidada a primavera.#TOC – Gerusa Barbosa Leal. Olinda, PE
@Hellyas ÍNTIMO//Os silêncios me calam/para eu ouvir/o que só eu posso gritar/ao longo do caminho/porque silêncio é estrada/e não resposta… #TOC – Elias Araujo. Américo Brasiliense, São Paulo.
@ivaize DEPRE: // Inverno. Meus olhos / na TV mastigam cores./ Tela além, o sol. #TOC – Ivaíze Rodrigues. Belém, PA
@japafour TATUAGEM // Arrancou a pele / com o nome dele / Em vão / O nome já estava marcado / no coração. #TOC – André Telucazu Kondo. Caraguatatuba, SP
@jardsonwtj noite-dia noite-dia noite-dianoite-dia noite-dia noite-dia noite-dia / O corpo cansado no meio/ E a rotina pulsando como um coração #TOC – Jardson Fragoso Carvalho. Itabuna, Bahia.
@joseruypc UTOPIA// Desisto. / Não sei dançar: / essa é a realidade; / mas diante da canção / inaudível / da possibilidade, / bailo dentro de mim. #TOC – José Ruy Pimentel de Castro. Vitória, ES
@juauqxz Homologia// Não à toa/ o movimento de abrir janelas,/ abrir asas/ e abrir livros é o mesmo:/ é o movimento da liberdade. #TOC – João Paulo Silva Mammana. Sumaré, SP
@lanacaram AULA DE MATEMÁTICA// Vejo crianças/ a contar os dedos/ de olhos tristes/ sem contar os sonhos. # TOC – Elana Simone Schiavo. Jaú, São Paulo
@lander1107 IGNORÂNCIA CONSCIENTE// Sou uma alegre mosca / aprisionada num frasco translúcido / consigo ver o mundo / mas não faço parte dele. #TOC – Herlander Mauro Carvalho. Santo Antônio dos Cavaleiros, Portugal.
@Leandroderecife O passaro//Deitado no ninho/Asa desativada/O pensamento voa.#TOC – Severino Leandro da Silva. Recife, PE.
@LoMartoni O EQUILIBRISTA//Controla o meio termo da insanidade/ onde jaz a virtude/ intocável/ sublime/ insustentável/do amor.#TOC – Lorena Martoni de Freitas. Belo Horizonte, MG
@LucasCMendes PUREZA// Se a realidade está no ar / Fico em asfixia / Não tive oportunidade de ser real / Vivo por poesia. #TOC – Lucas Mendes. Araguaína, TO
@manedocafe CASSIANO//Que moeda é aquela/Que tanto brilha/No bolso do mendigo/E o faz tão rei?/É um poema bem sei!#TOC – Jorge Carlos Amaral de Oliveira. Rio de Janeiro, RJ
@marciaslmaia travessura//a lua/na poça da rua/finge-se estrela do mar/#TOC – Márcia de Souza Leão Maia. Recife, PE.
@marcos1moura GOYA TRAGOU MEU SONO// Éluard eternizou-se em minhas pálpebras/ Matisse sarou as feridas/ E até hoje vangogueio/ Pelos campos da cana #TOC – Marcos Roberto Moraes de Moura. Recife, PE.
@MarcosAlvesLope Psicografia viva!// Escrever é psicografar a alma!/ Com leves pinceladas de espiritualidade,/sem perder a tinta do dia-a-dia#TOC – Marcos Alves Lopes. Goiânia, Goiás.
@marcosmc20 CAUTELA // Acabei de descobrir que / o verdadeiro amor não existe. // Vim direto pra cá, prevenir vocês. #TOC – Marcos M. Casadore. Assis, SP
@marlenegil BUSCA//Quanto mais se procura o sentido da vida/ mas nos distanciamos da verdadeira emoção/ Viver é simplesmente não saber a questão. #TOC – Marlene Pereira Gil Filha. Itararé, SP.
@moacirmorran Trova Mundana// O mundo busca a paz/ pisando no sangue inocente/ O mundo quer cheirar a flor/ Mas não quer plantar a semente! #TOC – Moacir Ribeiro da Silva. Fortaleza, CE.
@oeduardosol Disseram: acabou. Mentiram. Dissemos: não havia nada. Negaram. Só não dissemos que entre o espanto e o encanto há a estrada. #TOC – Eduardo Alexandre da Silva Costa. Recife, PE
@paraquenomes Minhas chaves nunca abriram as portas corretas,/ mas não me furto de pular janelas. #TOC – André Salviano. Laranjeiras, RJ
@paulodtoledo entrementes / a serpente / mordaz / desmente / o que / falaz / sibila / entredentes #TOC – Paulo César de Toledo. Santos, SP.
@poesiamovel TRANSE// Indeciso, desci ao inferno / Infiel, enfiei-me pela fenda / E sob a chuva da calenda / Emergi do meu caderno. #TOC – Alex Sandro da Silva. Belo Horizonte, MG
@rogeriogcoelho TEMPO//Enquanto eu comia um pastel, na Rua dos Estudantes,/Meus amigos casaram e tiveram filhos./Pedi pastel de vento, veio de tempo. #TOC – Rogério Gaspari Coelho. Perdizes, SP
@sem_acaso OFÍCIO// Sem métrica nem rimas/ esqueci as redondilhas/ na vida e na poesia. #TOC – Deanna Laíse Ribeiro Cavalcanti e Silva. Olinda, PE
@Sempoesianaoda OLHOS DE LIZ TAYLOR-Tão fácil antes/falar deles:/céus acesos na tela./Difícil é agora/que se apagaram/como safiras engolidas por lobos # TOC – Sérgio Bernardo. Nova Friburgo, RJ
@serod_PE A MENINA E O PÁSSARO// A menina fala que o pássaro vua. /Alguém corrige: – Voa! / Ah, deixa a menina vuar! #TOC – Severino Rodrigues da Silva. Paulista, PE
@simonebrichta Ex-impressionismo// No lago do cisne/ a bailarina de Degas/ ouviu o grito de Munch. #TOC – Simone de Fátima Brichta. Fortaleza, CE
@tallesazigon MURO. Ao invés de óculos escuros / O teu olhar usava um muro/ e ele me anoiteceu #TOC – Jose Talles da Silva Soares. Fortaleza, CE
@tatianadruck REFLEXÃO// Foto é um pedaço de realidade./ Se a vida não pára num clique automático/ por que registrá-la como eterna verdade?TOC – Tatiana Oliveira Druck. Porto Alegre, RS
@thaynadouglas PARTITURA// Ouvindo sons disparatados/ babel acústica em seu redor/ fez de si música própria/ correu, eterna, em sol maior. #TOC – Douglas Thaynã. Curitiba, PR
@thiagojrppoeta RASTROS Sempre ficam rastros retorcidos de palavras/ No silêncio das bocas que valseiam mudas. #TOC – Thiago Rodrigues de Paula. Barbacena, Minas Gerais.
@Truetrickster Dizem que “Escrever é conversar consigo mesmo” Digo, porém,que escrita é desdita excêntrica/ Do que a mente maquina em desordem cênica #TOC – Fábio Henrique Pupo. Ponta Grossa, Paraná.
@vmlanessa MASCARA (DA)// Não era bonita/ Mas seus olhos escutavam/ Descobriram-na vazia/ E, com o tempo, se afastavam… #TOC – Vanessa Maria de Lima Albuquerque. São Paulo, SP

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Li no JC de hoje sobre a poesia de Szymborska e fiquei fascinada. Passei a pesquisar e achei o texto abaixo no site da Livraria Loyola. Em seguida, um outro poema, lindíssimo.


As relações entre a palavra e a experiência histórica podem ser de natureza muito diferente e não existe essa coisa simples que é uma geração de poetas que começou durante a guerra mas não sobreviveu. Que relação pode haver entre a poesia de Szymborska, caracterizada precisamente pela sua ligeireza céptica, sorridente, lúdica e a história do século XX, ou de qualquer outro século? De início sim, teve muito que ver, mas na sua fase de maturidade ela foi-se afastando das imagens desse tempo linear que se precipitava para a utopia ou para uma catástrofe apocalíptica - em que este século, que agora termina, quis acreditar. A dimensão da sua poesia é pessoal, a de alguém que reflecte sobre a condição humana. É certo que tal actividade é acompanhada por uma extraordinária reticência; como se a poetisa se encontrasse de repente num palco decorado para uma velha peça de teatro, uma obra que transforma o indivíduo em nada, num número anónimo e como se, nestas circunstâncias, falar de si não fosse o mais indicado. Os poemas de Szymborska exploram situações pessoais, mas são ao mesmo tempo tão genéricos que permitem à sua autora evitar as confidências. No seu conhecido poema sobre um gato num apartamento vazio, em vez do lamento pela perda do marido de uma amiga, lemos: Morrer / isso não se faz ao gato. A reticência e a distância irónica consigo mesmo são, sem dúvida, reveladoras das tendências mais marcadas da poetisa.(.) Para mim, Szymborska é, antes de mais, uma poetisa da consciência. Isso significa que nos fala, aos seus contemporâneos, como se fosse um de nós, reservando e guardando para si assuntos pessoais e intervindo de certa distância, mas sem deixar de remeter para o que cada um sabe da sua própria vida.» Sobre Szymborska, (Nobel da Literatura de 1996), por Czeslaw Milosz


Gato em apartamento vazio

Morrer – isso não se faz com o gato.
O que pode fazer um gato
em um apartamento vazio?
Subir pelas paredes?
Esfregar-se contra
os móveis?
Nada parece diferente aqui,
mas já não é mais a mesma coisa.
Nada foi movido,
mas não há mais espaço.
E à noite ninguém mais acende a luz.

Ouvem-se passos na escada,
mas eles são novos.
A mão que coloca o peixe no pratinho
mudou também,

Algo aqui não acontece
na sua hora habitual.
Algo não acontece
como deveria.
Alguém estava sempre, sempre aqui,
então, de repente desapareceu
e teimosamente permanece desaparecido.

Cada armário foi examinado.
Cada prateleira tem sido explorada.
As escavações embaixo do tapete não deram em nada.
A ordem foi mesmo quebrada.
Contra todas as proibições até,
há papéis espalhados por todos os lados.
O que resta a ser feito.
Apenas dormir e esperar.

Basta esperar até que ele apareça,
apenas deixá-lo mostrar o seu rosto.
Ele vai aprender
que com um gato não se brinca assim.
Vou em direção a ele
como quem não quer nada,
bem devagar,
sobre as patinhas visivelmente ofendidas,
e, a princípio, sem saltar ou miar.

Wislawa Szymborska