O evento será realizado entre os dias 26 e 28 de novembro e traz escritores nacionais de peso como Carpinejar, Lirinha, Cida Pedrosa, Xico Sá e João Silvério Trevisan.
O Laboratório de Autoria em Literatura Ascenso Ferreira, do Sesc Santa Rita, promove a Mostra Sesc de Literatura Contemporânea, na próxima semana, entre os dias 26 e 28, com a participação de nomes de peso do cenário literário nacional contemporâneo, como Carpinejar, Marcelino Freire e Xico Sá, além de representantes locais como Lirinha, Cida Pedrosa e Samarone Lima. A programação conta com mesas redondas, oficinas e apresentações culturais.
A abertura será na sexta-feira (26), às 19h, com uma intervenção poética, do Grupo Vozes Femininas, com as escritoras Cida Pedrosa, Silvana Meneses, Mariane Bigio e Susana Morais. Em seguida, Carpinejar (RS) e Schneider Carpeggiani (PE) participam da mesa “Procurando literatura e amor em cada click”. Na mesma noite, o Grupo Zambiola faz ainda uma apresentação musical.
No sábado (27), o escritor Wellington de Melo (PE) dá início à leitura de “O Peso do medo: 30 poemas em fúria”, às 14h30. A programação segue com a mesa redonda “Literatura na rede”, com Samarone Lima (PE / Blog Estuário), André Vallias (RJ / Site Errática), José Aloise Bahia (MG / Revista Online Germina), Pipol (SP / Site Cronópios) e Cida Pedrosa (PE / Site Interpoética). À noite, às 19h, Lirinha (PE/SP), Marcelino Freire (PE/SP), Xico Sá (SP) e Chico Pedrosa (PE), debatem na última mesa do dia “Que prosa é essa?”.
O último dia da Mostra tem a participação de João Silvério Trevisan (SP) e Antonio Cadengue (PE) na mesa “Literatura & Exílio”, além da teatalização do conto de Trevisan “Variações sobre um tema de Mozart”, com Biagio Pecorelli e Roberto Brandão.
Além das mesas de conversa, o público pode participar ainda das oficinas “Narrativas Breves”, com Marcelino Freire, e “Sartre: existencialismo como fundamento”, com Alexandre Furtado (PE), além da roda de conversa “Poesia Narrativa”, com Bráulio Tavares (PB/ RJ), no sábado (27) e domingo (28), das 9h às 12h30. A oficina de Alexandre Furtado tem mais um dia de atividades no sábado seguinte (4).
Para participar da Mostra Sesc de Literatura Contemporânea é preciso se inscrever no setor de cultura do Sesc Santa Rita, das 14h às 18h. Todas as atividades são gratuitas. Mais informações: (81) 3224.7577.
Programação:
Dia 26 (sexta)
19h Intervenção Poética – Grupo Vozes Femininas, com Cida Pedrosa, Silvana Meneses, Mariane Bigio e Susana Morais.
Mesa de abertura: “Procurando literatura e amor em cada click”
Convidados: Carpinejar – RS, Schneider Carpeggiani – PE (mediador)
Apresentação Musical: Grupo Zambiola
Dia 27 (sábado)
14h30 Mesa: “O Peso do Medo: 30 poemas em fúria“
Leitura do escritor: Wellington de Melo – PE
15h Mesa: “Literatura na Rede”
Convidados: Samarone Lima – PE (blog Estuário), André Vallias – RJ (site Errática), José Aloise Bahia – MG (Revista online Germina), Pipol – SP (site Cronópios), Cida Pedrosa – PE (mediadora – site Interpoética)
19h Mesa: "Que prosa é essa? "
Convidados: Lirinha – PE/ SP, Marcelino Freire – PE/SP, Xico Sá – SP, Participação especial de Chico Pedrosa - PE
Dia 28 (domingo)
14h30 Mesa: “Literatura & Exílio”
Convidados: João Silvério Trevisan – SP, Antonio Cadengue – PE (mediador)
Teatralização do conto de João Silvério Trevisan: Variações sobre um tema de Mozart, com a participação de Biagio Pecorelli e Roberto Brandão, direção de Antônio Cadengue.
Ações Formativas:
Dias 27 e 28 (sábado e domingo)
9h às 12h30
Roda de Conversa - Poesia Narrativa, com Bráulio Tavares – RJ
Oficina de Narrativas Breves, com Marcelino Freire – SP
27 e 28/11 e 04/12
9h às 12h30
Oficina Sartre: existencialismo como fundamento, com Alexandre Furtado - PE
Serviço:
Sesc Santa Rita - Cais de Santa Rita, 156, São José | (81) 3224.7577
Mais informações para a imprensa:
Sesc Pernambuco
Daniella Monteiro
Assessora de Comunicação
(81) 3216.1634 | 9606.1624 | imprensa@sescpe.com.br
Camila Wiesiolek
Jornalista Assistente
(81) 3216.1625 | comunica@sescpe.com.br
Multi Comunicação
Maíra Rosas
(81) 3222.4912 | 9235.1624 | maira@multicomunicacao.com
sábado, 27 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
PROJETO ENGOLINDO SAPOS - 5ª Edição
A produtora Nós Pós e o Espaço Pasárgada convidam para a 5ª edição do projeto Engolindo Sapos, que tem o objetivo de criar um elo de contato entre artistas, pensadores, críticos, autores, educadores, promotores da cultura, jornalistas, editores etc. e o público através de um cronograma mensal de dinâmicas e descontraídas palestras no Espaço Pasárgada. O próximo evento acontecerá no dia 1º de dezembro (quarta-feira), a partir das 18h e é aberto ao público.
Após três edições apresentando ao público a oportunidade de entrar em contato mais próximo com o universo criativo e as experiências artísticas e profissionais de nove representantes nas áreas de literatura, artes cênicas, cinema, artes visuais e artes plásticas, a produtora Nós Pós focou a 4ª edição do Projeto Engolindo Sapos numa questão de fundamental importância para o desenvolvimento social e cultural do estado convidando representantes pró-ativos das três esferas governamentais (MinC, FUNDARPE e FCCR/GOLE) para debater o tema Sobre Livros e Leitura: Políticas Públicas, altamente pertinente dentro do cenário cultural do estado.
Na sua 5ª edição o projeto apresenta o tema Corpo, Cinema e Educação: O Papel Transformador, visando explanar as possibilidades de contribuição dessas formas artísticas para a educação. Os convidados são Conrado Falbo (Mestre e Doutorando em Teoria da Literatura, formação artística em dança contemporânea e atuação na área de ensino e criação que inclui performance, corpo e voz e intersemiose), Amanda Ramos (Coordenadora Cineclube AZouganda - Nazaré da Mata e Cineclube Curta Doze e Meia - Recife) e Selma Coelho (educadora e gestora do Espaço Pasárgada). A mediação fica por conta de Johnny Martins (doutorando em Literatura e Cultura pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba - UFPB).
Traga seus questionamentos, posições, perguntas. Contribua com este descontraído bate papo. A participação do público faz parte da essência do projeto e é fundamental para o enriquecimento do diálogo.
O papel do cinema, do corpo e suas possibilidades pedagógicas como transformadores da sociedade são a pauta do diálogo coletivo da próxima edição do projeto Engolindo sapos, que acontecerá no dia 1º de dezembro, a partir das 18h no Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 – Boa Vista). O evento é aberto ao público.
SERVIÇO
Projeto Engolindo Sapos – 5ª edição
Tema: Corpo, Cinema e Educação: O Papel Transformador
Dia 01/12/2010 – 18h
Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 – Boa Vista).
Aberto ao público
Alexandre Melo
Produção Cultural / Assessoria Comunicação / Programação Visual
Mobile: + 55 81 8711 3581
Skype: f.alexandremelo
asessoria@nospos.org
contato@nospos.org
Após três edições apresentando ao público a oportunidade de entrar em contato mais próximo com o universo criativo e as experiências artísticas e profissionais de nove representantes nas áreas de literatura, artes cênicas, cinema, artes visuais e artes plásticas, a produtora Nós Pós focou a 4ª edição do Projeto Engolindo Sapos numa questão de fundamental importância para o desenvolvimento social e cultural do estado convidando representantes pró-ativos das três esferas governamentais (MinC, FUNDARPE e FCCR/GOLE) para debater o tema Sobre Livros e Leitura: Políticas Públicas, altamente pertinente dentro do cenário cultural do estado.
Na sua 5ª edição o projeto apresenta o tema Corpo, Cinema e Educação: O Papel Transformador, visando explanar as possibilidades de contribuição dessas formas artísticas para a educação. Os convidados são Conrado Falbo (Mestre e Doutorando em Teoria da Literatura, formação artística em dança contemporânea e atuação na área de ensino e criação que inclui performance, corpo e voz e intersemiose), Amanda Ramos (Coordenadora Cineclube AZouganda - Nazaré da Mata e Cineclube Curta Doze e Meia - Recife) e Selma Coelho (educadora e gestora do Espaço Pasárgada). A mediação fica por conta de Johnny Martins (doutorando em Literatura e Cultura pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba - UFPB).
Traga seus questionamentos, posições, perguntas. Contribua com este descontraído bate papo. A participação do público faz parte da essência do projeto e é fundamental para o enriquecimento do diálogo.
O papel do cinema, do corpo e suas possibilidades pedagógicas como transformadores da sociedade são a pauta do diálogo coletivo da próxima edição do projeto Engolindo sapos, que acontecerá no dia 1º de dezembro, a partir das 18h no Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 – Boa Vista). O evento é aberto ao público.
SERVIÇO
Projeto Engolindo Sapos – 5ª edição
Tema: Corpo, Cinema e Educação: O Papel Transformador
Dia 01/12/2010 – 18h
Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 – Boa Vista).
Aberto ao público
Alexandre Melo
Produção Cultural / Assessoria Comunicação / Programação Visual
Mobile: + 55 81 8711 3581
Skype: f.alexandremelo
asessoria@nospos.org
contato@nospos.org
domingo, 21 de novembro de 2010
As Ruas
Há um pouco de sal
nas ruas
que tanto pisei
Os anúncios cospem
sutilezas
hot
arroto
dogues
beijos plebeus de aluguel
fumaça
carros
buzinas
o ar lamenta
as narinas asfixiam
fechem cortinas e janelas
de súbito avanço
o vento oculta
os medos
e a cuba desce
livre
até onde a vista alcança.
nas ruas
que tanto pisei
Os anúncios cospem
sutilezas
hot
arroto
dogues
beijos plebeus de aluguel
fumaça
carros
buzinas
o ar lamenta
as narinas asfixiam
fechem cortinas e janelas
de súbito avanço
o vento oculta
os medos
e a cuba desce
livre
até onde a vista alcança.
sábado, 20 de novembro de 2010
POESIAS DE CLARICE LISPECTOR
Os poemas a seguir, todos de Clarice Lispector, foram retirados do Jornal de Poesia, o mais completo saite de poesia brasileira.
A lucidez perigosa
Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.
Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -
essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.
A perfeição
O que me tranqüiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.
A lucidez perigosa
Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.
Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -
essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.
A perfeição
O que me tranqüiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.
domingo, 14 de novembro de 2010
HOLOFOTE - CIA DE IDEIAS
Rafael Jacinto, Pio Figueiroa, João Kehl e Carol Lopes
Por Daniela de Lacerda
Entrevistávamos as mesmas pessoas, ouvíamos as mesmas histórias, íamos aos mesmos lugares. Mas quando o fotógrafo Pio Figueiroa revelava o filme, víamos tudo diferente. Porque ele percebia aquelas pessoas, histórias e lugares de um jeito tão próprio, e tão bonito, que sempre nos surpreendia. E encantava. Era assim quando trabalhávamos juntos, no tempo em que ele ainda morava no Recife, lá pelos anos 1990. Tempos depois, na São Paulo pós-revolução digital, o pernambucano encontrou João Kehl e Rafael Jacinto, dois fotógrafos paulistas tão peculiares quanto ele. E aí surgiu a Cia de Foto, um coletivo não só no nome, mas na forma de pensar, fazer, pesquisar e viver a fotografia. A essa turma se juntaram Flávia Padrão (coordenadora de produção), Deborah Lindau (coordenadora administrativa) e a dupla da pós-produção, Carol Lopes (fotógrafa e aprendiz de colorista) e Kosuke (fotógrafo e aprendiz da aprendiz de colorista). Desde então, cada novo ensaio, campanha ou filme da Cia de Foto é uma surpresa só. Como naqueles instantes em que íamos desenrolando os negativos contra a luz, ansiosos por descobrir o que Pio trazia da rua. Uma das mais recentes mostras do coletivo, Entretanto, que foi exibida neste mês na Galeria Vermelho, em São Paulo, é foto, é vídeo e é música. Intrincadamente.
A partir de uma imagem do ensaio Carnaval, realizado em Salvador (BA), o DJ Guab, parceiro da Cia, criou Paisagem sonora, peça musical de 25 minutos. Ele extraiu o código binário da foto (veja acima), isolou os bits que identificam o exato momento do clique e construiu um arquivo sonoro baseado naquela mesma sequência de números. “Geramos uma foto de som, um som de foto”, diz Guab (escute: www.ciadefoto.com.br/blog).
Foto do ensaio Carnaval, realizado na Bahia
Em outro trabalho, Longa exposição, foto e filme enveredam um pelo outro. Na série de retratos, personagens como as cantoras Elza Soares e Pitty e o diretor Hector Babenco esperaram o clique, “que só veio no momento em que a situação ficou insustentável”. O que foi exposto foi exatamente o antes, a inquieta espera, registrada pela câmera em modo vídeo.
Esse experimentar inusitado é essência, também, da participação da Cia de Foto em Histórias de Mapas, Piratas e Tesouros, em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo. O coletivo é um dos curadores e convidou o cineasta Marcelo Pedroso (PE), o fotógrafo João Castilho (MG) e a Galeria Experiência (SP) para uma ação-performance, uma pirataria multimídia sem limites para a invenção. Alguns artistas da exposição, que poderiam ter obras reinterpretadas pelo grupo, se recusaram a assinar o termo de autorização. “A gente nem tinha consciência do que fazer ainda e já estávamos gerando consequências”, lembra Pio. Talvez eles surpreendam todo mundo novamente e não se apropriem de imagem nenhuma. E, sim, do bendito termo.
Cia de ideias
A Cia de Foto foi criada em 2003, atua no mercado editorial e publicitário, integra o time da produtora de vídeo Paranoid BR, participa de mostras e workshops mundo afora, tem trabalhos publicados e exibidos em dezenas de países, faz foto, filme, música, livro, curadoria. Saiba mais aqui: www.ciadefoto.com.br.
Co-le-ti-vo. Entendeu?
O grupo não assina nada individualmente. Tudo é Cia de Foto. “É uma caixa de sapato coletiva”, explica Pio Figueiroa, usando como referência o título de um dos trabalhos deles (assista ao vídeo Caixa de sapato no site de Aurora: www.diariodepernambuco.com.br/aurora). Tem gente que implica. Em 2006, a Cia de Foto foi convidada para participar da Coleção Pirelli/Masp de fotografia, mas acabou não entrando porque fez questão de assinar como Cia de Foto (e não como João, Rafael ou Pio). O coletivo está na coleção 2010. Como Cia de Foto.
A academia visita a empresa. E vice-versa
Na Cia de Foto, o trabalho comercial e o de pesquisa interagem o tempo todo. Seja num filme publicitário ou num ensaio documental, o que eles querem é contar histórias. De um jeito que só eles sabem contar.
Professor Rubens
O vídeo é resultado de uma parceria entre a Cia de Foto e o professor Rubens Fernandes Junior, um dos principais pensadores da fotografia no Brasil, diretor da Faculdade de Comunicação e Marketing da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo. O trabalho foi realizado a convite do Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre (FestFotoPoa) e será exibido na próxima edição do evento, em abril. Colecionador de fotografias dos outros, o professor Rubens faz uma sensível reflexão a partir de uma caixa de fotos de uma família japonesa, comprada numa de suas andanças pelas feiras de antiguidade.
Sal e prata
Produzido em Boa Viagem, no Recife, faz parte da ação-performance coordenada pela Cia de Foto na exposição Histórias de Mapas, Piratas e Tesouros, em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo, até 19 de dezembro. A ação, com curadoria da Cia, também tem a participação do cineasta pernambucano Marcelo Pedroso, do coletivo paulista Galeria Experiência e do fotógrafo mineiro João Castilho. O grupo de “piratas” se apropriou do título de uma obra do artista ém participa da exposição no Itaú.
(www.diariodepernambuco.com.br/aurora de 14/11/2010)
Por Daniela de Lacerda
Entrevistávamos as mesmas pessoas, ouvíamos as mesmas histórias, íamos aos mesmos lugares. Mas quando o fotógrafo Pio Figueiroa revelava o filme, víamos tudo diferente. Porque ele percebia aquelas pessoas, histórias e lugares de um jeito tão próprio, e tão bonito, que sempre nos surpreendia. E encantava. Era assim quando trabalhávamos juntos, no tempo em que ele ainda morava no Recife, lá pelos anos 1990. Tempos depois, na São Paulo pós-revolução digital, o pernambucano encontrou João Kehl e Rafael Jacinto, dois fotógrafos paulistas tão peculiares quanto ele. E aí surgiu a Cia de Foto, um coletivo não só no nome, mas na forma de pensar, fazer, pesquisar e viver a fotografia. A essa turma se juntaram Flávia Padrão (coordenadora de produção), Deborah Lindau (coordenadora administrativa) e a dupla da pós-produção, Carol Lopes (fotógrafa e aprendiz de colorista) e Kosuke (fotógrafo e aprendiz da aprendiz de colorista). Desde então, cada novo ensaio, campanha ou filme da Cia de Foto é uma surpresa só. Como naqueles instantes em que íamos desenrolando os negativos contra a luz, ansiosos por descobrir o que Pio trazia da rua. Uma das mais recentes mostras do coletivo, Entretanto, que foi exibida neste mês na Galeria Vermelho, em São Paulo, é foto, é vídeo e é música. Intrincadamente.
A partir de uma imagem do ensaio Carnaval, realizado em Salvador (BA), o DJ Guab, parceiro da Cia, criou Paisagem sonora, peça musical de 25 minutos. Ele extraiu o código binário da foto (veja acima), isolou os bits que identificam o exato momento do clique e construiu um arquivo sonoro baseado naquela mesma sequência de números. “Geramos uma foto de som, um som de foto”, diz Guab (escute: www.ciadefoto.com.br/blog).
Foto do ensaio Carnaval, realizado na Bahia
Em outro trabalho, Longa exposição, foto e filme enveredam um pelo outro. Na série de retratos, personagens como as cantoras Elza Soares e Pitty e o diretor Hector Babenco esperaram o clique, “que só veio no momento em que a situação ficou insustentável”. O que foi exposto foi exatamente o antes, a inquieta espera, registrada pela câmera em modo vídeo.
Esse experimentar inusitado é essência, também, da participação da Cia de Foto em Histórias de Mapas, Piratas e Tesouros, em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo. O coletivo é um dos curadores e convidou o cineasta Marcelo Pedroso (PE), o fotógrafo João Castilho (MG) e a Galeria Experiência (SP) para uma ação-performance, uma pirataria multimídia sem limites para a invenção. Alguns artistas da exposição, que poderiam ter obras reinterpretadas pelo grupo, se recusaram a assinar o termo de autorização. “A gente nem tinha consciência do que fazer ainda e já estávamos gerando consequências”, lembra Pio. Talvez eles surpreendam todo mundo novamente e não se apropriem de imagem nenhuma. E, sim, do bendito termo.
Cia de ideias
A Cia de Foto foi criada em 2003, atua no mercado editorial e publicitário, integra o time da produtora de vídeo Paranoid BR, participa de mostras e workshops mundo afora, tem trabalhos publicados e exibidos em dezenas de países, faz foto, filme, música, livro, curadoria. Saiba mais aqui: www.ciadefoto.com.br.
Co-le-ti-vo. Entendeu?
O grupo não assina nada individualmente. Tudo é Cia de Foto. “É uma caixa de sapato coletiva”, explica Pio Figueiroa, usando como referência o título de um dos trabalhos deles (assista ao vídeo Caixa de sapato no site de Aurora: www.diariodepernambuco.com.br/aurora). Tem gente que implica. Em 2006, a Cia de Foto foi convidada para participar da Coleção Pirelli/Masp de fotografia, mas acabou não entrando porque fez questão de assinar como Cia de Foto (e não como João, Rafael ou Pio). O coletivo está na coleção 2010. Como Cia de Foto.
A academia visita a empresa. E vice-versa
Na Cia de Foto, o trabalho comercial e o de pesquisa interagem o tempo todo. Seja num filme publicitário ou num ensaio documental, o que eles querem é contar histórias. De um jeito que só eles sabem contar.
Professor Rubens
O vídeo é resultado de uma parceria entre a Cia de Foto e o professor Rubens Fernandes Junior, um dos principais pensadores da fotografia no Brasil, diretor da Faculdade de Comunicação e Marketing da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo. O trabalho foi realizado a convite do Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre (FestFotoPoa) e será exibido na próxima edição do evento, em abril. Colecionador de fotografias dos outros, o professor Rubens faz uma sensível reflexão a partir de uma caixa de fotos de uma família japonesa, comprada numa de suas andanças pelas feiras de antiguidade.
Sal e prata
Produzido em Boa Viagem, no Recife, faz parte da ação-performance coordenada pela Cia de Foto na exposição Histórias de Mapas, Piratas e Tesouros, em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo, até 19 de dezembro. A ação, com curadoria da Cia, também tem a participação do cineasta pernambucano Marcelo Pedroso, do coletivo paulista Galeria Experiência e do fotógrafo mineiro João Castilho. O grupo de “piratas” se apropriou do título de uma obra do artista ém participa da exposição no Itaú.
(www.diariodepernambuco.com.br/aurora de 14/11/2010)
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Na Caminhada Alta, Média e Baixa Sociedade.
por Ésio Rafael
ALTA: No Parque da Jaqueira.
- Bon jour!
- Este é o meu terceiro estágio antes desse objetivo. Passei na clínica médica para aferir minha pressão, verificar meus níveis de colesterol, triglicerídeo e glicêmico. Tudo sob controle. Para isso, temos um excelente Plano de Saúde. E vocês, estão bem? Eu, nem tanto. O stress do mundo Ocidental não engana ninguém.
Estamos com um probleminha em família, acreditamos ser de ordem passageira, mas incomoda. É que o meu cunhado, uma pessoa bem criada, ótima formação familiar e religiosa. Um padrão de vida financeira bastante confortável, escola de primeira classe. Agora anda envolvido com má companhia. Daí, o que se esperava: foi flagrado durante uma operação policial com dois quilos de pasta de cocaína. A droga estava dentro do seu carro, a polícia, deu ordem de prisão e o algemou na hora.
Meu esposo está aflito, afinal de contas, é sangue do seu sangue. Foi uma pressão, uma correria durante a noite toda. Muitos telefonemas para advogados, pessoas influentes na sociedade. A tarefa mais importante é abafar o caso para que não chegue a ser publicado na imprensa. Difícil. Não acredito. Falei com meu esposo que a saída poderia estar em conduzi-lo a uma Clínica de Repouso. Mas, é difícil. Logo com esse governo que aí está, colocando rico na cadeia?
Estou tensa, tenho de deixar a companhia de vocês. Vou ligar para o meu motorista vir me apanhar. Ele está sabendo de tudo. Ironicamente falou: - Calma madame, todos os mortais estão sujeitos a situações como esta. Olhando-me de soslaio com aquela sobrancelha do cão. Darei notícias, bom final de caminhada.
MÉDIA: Campus Universitário.
- Bom dia!
- Quase que não vinha caminhar com vocês hoje. Minha pressão foi lá pras alturas. Meu colesterol está alterado. Aperreio. È aperreio em cima de aperreio. Meu marido não foi trabalhar hoje. O seu irmão mais novo foi em “cana” durante uma blitz na Vila. Ele estava dentro de um táxi conduzindo um quilo de maconha. Uma tal de: - Manga rosa. Já ouviram falar? Foi o suficiente. Algemado na hora, e levado para a prisão. Uma merda! Que mancada. Essa foi a segunda vez que ele fez essa besteira. Sabem, o cara sempre foi problema. Caçula, os pais separados, revoltado. Só podia dar nisso. Essa semana foi carregada. Cortaram a energia elétrica lá de casa, sem nenhum aviso. E fica por isso mesmo. Cadê os 11% que eles tiraram dos consumidores? Por que não pagaram de uma só vez? E o que é isso? Manda quem pode, minha filha! O meu cartão de crédito estourou. A população não dispõe mais de dinheiro nem pra comprar pão. Os grandes Supermercados engolem tudo. E nada acontece. Isso é o que? Agora acontece essa merda, e o meu cunhado sabe que não tem proteção nenhuma. O que ele fez foi muito menos do que fazem os cartões de créditos com o bolso do consumidor.
O caso já deu no jornal. A rua está cheia. A fofoca tá comendo no cento. Meu marido não tem a mínima condição de contratar um advogado, nem de porta de cadeia. Ele conhece um vereador, mas vereador além de não ter cacife pra isso, não iria se meter nessa onda. Já falei para o meu marido: teu irmão vai mofar na cadeia. Que horas tem? Vou-me embora, além do mais, daqui a pouco a parada de ônibus vai estar lotada, e eu ainda vou buscar o meu netinho na escola. Tô sem crédito no celular. Outro roubo, ou não? Darei notícias pra vocês, através do orelhão. Até logo, rezem por mim.
BAIXA: Na Mata do Uchôa.
- Mulé, quase que eu não vinha hoje medir passadas com vocês. Meu coração está quase pulando pela boca. Fui me receitar no posto médico. Cheguei de madruga para pegar uma ficha. O rapaz que vende o papelzinho, “fura fila”, lavrou porque avisaram que os home tava querendo pegá-lo. Pracabar de acertar, o Doutor falou que eu estava com o sangue grosso, cheio de gordura e, pelos sinais, melado de açúcar. Sofrimento. Sofrimento! Tu achas mulé, açúcar porra nenhuma! Eu pisei foi em rastro de corno. E o Doutor médico ainda disse que eu tinha porque tinha de andar uma hora por dia, sem parar. Depois, ele veio com uma conversa pra eu deixar de comer cuscuz. Quase que eu respondia: e a mãe Doutor, vai deixar de comer cuscuz também? Mas como sou uma pessoa educada... Nem deixo de comer cuscuz, nem o quarentinha.
O macho lá de casa, passou a noite mordido e sem dormir. Não foi nem pro trampo. Ele já amanheceu com os pentei na goma. Deram o flagra no irmão dele na favela, com trinta pedras de crack na cueca. Meia-noite mais ou menos. Os home deram o baculejo e caiu mei mundo de gente. Grampo minha irmã, cana dura na hora. Essa droga ainda vai acabar com nossos filhos, se os home não tomarem de conta. Colocaram logo uma pulseira de baiano, e tacaram ele na cadeia.
Agora veja, o cara nunca deu um prego numa barra de sabão. Não trabalha, não estuda, e só anda com alma sebosa. Taí no que deu! A mãe viúva ganha um salário mínimo da pensão do ex-marido pra segurar a barra de seis pessoas dentro de casa. Aquele frango vendeu tudo que pode de dentro de casa pra comprar droga. Até o único ventilador da mãe doente. Num lugar de calor e muriçoca. Deus me perdoe, mas eu só desejo é que ele encontre aquele negão dentro da cela. Sabe de que Negão eu tô falando, né mulé?
Vou-me embora, o sol está esquentando, e eu vou a pé. Quero chegar a tempo de ver a manchete pela televisão no Programa de Cardinot, com aquele esparro todo. Até mais meninas, fiquem com Deus.
ÉSIO RAFAEL
poeta, professor e pesquisador da cultura popular
Veja Mais no INTERPOÉTICA
ALTA: No Parque da Jaqueira.
- Bon jour!
- Este é o meu terceiro estágio antes desse objetivo. Passei na clínica médica para aferir minha pressão, verificar meus níveis de colesterol, triglicerídeo e glicêmico. Tudo sob controle. Para isso, temos um excelente Plano de Saúde. E vocês, estão bem? Eu, nem tanto. O stress do mundo Ocidental não engana ninguém.
Estamos com um probleminha em família, acreditamos ser de ordem passageira, mas incomoda. É que o meu cunhado, uma pessoa bem criada, ótima formação familiar e religiosa. Um padrão de vida financeira bastante confortável, escola de primeira classe. Agora anda envolvido com má companhia. Daí, o que se esperava: foi flagrado durante uma operação policial com dois quilos de pasta de cocaína. A droga estava dentro do seu carro, a polícia, deu ordem de prisão e o algemou na hora.
Meu esposo está aflito, afinal de contas, é sangue do seu sangue. Foi uma pressão, uma correria durante a noite toda. Muitos telefonemas para advogados, pessoas influentes na sociedade. A tarefa mais importante é abafar o caso para que não chegue a ser publicado na imprensa. Difícil. Não acredito. Falei com meu esposo que a saída poderia estar em conduzi-lo a uma Clínica de Repouso. Mas, é difícil. Logo com esse governo que aí está, colocando rico na cadeia?
Estou tensa, tenho de deixar a companhia de vocês. Vou ligar para o meu motorista vir me apanhar. Ele está sabendo de tudo. Ironicamente falou: - Calma madame, todos os mortais estão sujeitos a situações como esta. Olhando-me de soslaio com aquela sobrancelha do cão. Darei notícias, bom final de caminhada.
MÉDIA: Campus Universitário.
- Bom dia!
- Quase que não vinha caminhar com vocês hoje. Minha pressão foi lá pras alturas. Meu colesterol está alterado. Aperreio. È aperreio em cima de aperreio. Meu marido não foi trabalhar hoje. O seu irmão mais novo foi em “cana” durante uma blitz na Vila. Ele estava dentro de um táxi conduzindo um quilo de maconha. Uma tal de: - Manga rosa. Já ouviram falar? Foi o suficiente. Algemado na hora, e levado para a prisão. Uma merda! Que mancada. Essa foi a segunda vez que ele fez essa besteira. Sabem, o cara sempre foi problema. Caçula, os pais separados, revoltado. Só podia dar nisso. Essa semana foi carregada. Cortaram a energia elétrica lá de casa, sem nenhum aviso. E fica por isso mesmo. Cadê os 11% que eles tiraram dos consumidores? Por que não pagaram de uma só vez? E o que é isso? Manda quem pode, minha filha! O meu cartão de crédito estourou. A população não dispõe mais de dinheiro nem pra comprar pão. Os grandes Supermercados engolem tudo. E nada acontece. Isso é o que? Agora acontece essa merda, e o meu cunhado sabe que não tem proteção nenhuma. O que ele fez foi muito menos do que fazem os cartões de créditos com o bolso do consumidor.
O caso já deu no jornal. A rua está cheia. A fofoca tá comendo no cento. Meu marido não tem a mínima condição de contratar um advogado, nem de porta de cadeia. Ele conhece um vereador, mas vereador além de não ter cacife pra isso, não iria se meter nessa onda. Já falei para o meu marido: teu irmão vai mofar na cadeia. Que horas tem? Vou-me embora, além do mais, daqui a pouco a parada de ônibus vai estar lotada, e eu ainda vou buscar o meu netinho na escola. Tô sem crédito no celular. Outro roubo, ou não? Darei notícias pra vocês, através do orelhão. Até logo, rezem por mim.
BAIXA: Na Mata do Uchôa.
- Mulé, quase que eu não vinha hoje medir passadas com vocês. Meu coração está quase pulando pela boca. Fui me receitar no posto médico. Cheguei de madruga para pegar uma ficha. O rapaz que vende o papelzinho, “fura fila”, lavrou porque avisaram que os home tava querendo pegá-lo. Pracabar de acertar, o Doutor falou que eu estava com o sangue grosso, cheio de gordura e, pelos sinais, melado de açúcar. Sofrimento. Sofrimento! Tu achas mulé, açúcar porra nenhuma! Eu pisei foi em rastro de corno. E o Doutor médico ainda disse que eu tinha porque tinha de andar uma hora por dia, sem parar. Depois, ele veio com uma conversa pra eu deixar de comer cuscuz. Quase que eu respondia: e a mãe Doutor, vai deixar de comer cuscuz também? Mas como sou uma pessoa educada... Nem deixo de comer cuscuz, nem o quarentinha.
O macho lá de casa, passou a noite mordido e sem dormir. Não foi nem pro trampo. Ele já amanheceu com os pentei na goma. Deram o flagra no irmão dele na favela, com trinta pedras de crack na cueca. Meia-noite mais ou menos. Os home deram o baculejo e caiu mei mundo de gente. Grampo minha irmã, cana dura na hora. Essa droga ainda vai acabar com nossos filhos, se os home não tomarem de conta. Colocaram logo uma pulseira de baiano, e tacaram ele na cadeia.
Agora veja, o cara nunca deu um prego numa barra de sabão. Não trabalha, não estuda, e só anda com alma sebosa. Taí no que deu! A mãe viúva ganha um salário mínimo da pensão do ex-marido pra segurar a barra de seis pessoas dentro de casa. Aquele frango vendeu tudo que pode de dentro de casa pra comprar droga. Até o único ventilador da mãe doente. Num lugar de calor e muriçoca. Deus me perdoe, mas eu só desejo é que ele encontre aquele negão dentro da cela. Sabe de que Negão eu tô falando, né mulé?
Vou-me embora, o sol está esquentando, e eu vou a pé. Quero chegar a tempo de ver a manchete pela televisão no Programa de Cardinot, com aquele esparro todo. Até mais meninas, fiquem com Deus.
ÉSIO RAFAEL
poeta, professor e pesquisador da cultura popular
Veja Mais no INTERPOÉTICA
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Preconceito dói, cabra da peste!
Publicado em 05.11.2010, às 14h57
Por Miguel Rios
Preconceito é difícil de sair da gente. Volta e meia, a gente se surpreende, se flagra, e até se orgulha, dizendo, pensando, compartilhando algum estigma contra o outro
Uma nova vilã, daquelas malvadas ao extremo, que dissemina e atrai ódio, de nível igual ou pior que qualquer Odete Roitman ou Nazaré Tedesco, está na mídia. É aquela garota lá do Twitter que nos ofendeu, nós nordestinos, nos indignou mais uma vez, nos fez relembrar preconceitos que pareciam estar se esvaindo, que se mostram ainda vigorosos, que machucam mesmo quem finge não ligar, quem tenta se mostrar acima.
Outra vez, doeu. Outra vez, ele voltou. Aliás, nunca se foi. Só estava mais quieto, nestes tempos de maior patrulha, de menos tolerância com os intolerantes.
Preconceito é difícil de sair da gente. Volta e meia, a gente se surpreende, se flagra, e até se orgulha, dizendo, pensando, compartilhando algum estigma contra o outro.
Mas se é na nossa pele que arde aí nos enfurece. Não pode, não se aceita, é absurdo, é opressor, ultrapassado, injusto.
A pele dos nordestinos queimou. Estigmas e estereótipos queimam mesmo.
A pele de qualquer tuiteiro do Piauí à Bahia ainda está, no mínimo, coçando. Tem aquele cara que posta dia após dia, insistente, resistente, mensagens contra a autora do ataque, sedento por não deixar barato.
"Como posso ser inferior?", pensa ele. "Sou inteligente, universitário, bonito, uso roupa boa, dentição completa, tenho laptop, carro, amigos no exterior, viajado, falo inglês, comecei no espanhol, já planejo meu MBA. Vou ter sucesso garantido! Como se pode dizer que sou inferior? Como se eu fosse um pobre qualquer, um mundiça desses, pipoca da vida, um beira-canal, que só serve para se apertar em ônibus, sujar a praia. Esse bando de assalariado farofa..."
E a roda do preconceito gira:
"Como posso ser farofa?", pensa um dos assalariados. "Ando de ônibus, moro em subúrbio, mas curto bandas legais, livros legais, filmes de arte. Tenho amigos descolados. Somos questionadores do status quo, dos padrões impostos pela sociedade de consumo. Tenho potencial. Farofa eu? Farofa e pipoca é essa negada ignorante, de gosto ruim, que curte pagode e axé, jeito marginal, enchendo o mundo com som alto de funk de CD pirata. Tenha dó!"
E gira...
"Sou negro sim, mas sou lindo! Curto o meu som e meu jeito moleque. Orgulho de raça, de gostar do que eu gosto, das raízes, de saber dançar melhor que branco. De morar onde moro. De me virar e arranjar algum para meu pai e minha mãe. Eles dois que me criaram com esforço e dignidade. Me fizeram um homem, homem mesmo. Se eu ainda fosse um desses veados safados podiam até falar. Aquilo é que é nojeira. Mas eu não tenho do que me envergonhar."
"Sexualidade não define caráter. O que eu faço na intimidade não é da conta de ninguém. Sou decente. Sou homem igual a qualquer outro. Ninguém se envergonha de estar ao meu lado. Sou másculo, não dou pinta, tenho um namorado sem trejeitos também. Não escandalizamos. Podemos frequentar qualquer ambiente. O problema são essas bichinhas afetadas, estes travestis que sujam a barra dos gays. Um horror."
Continua a girar:
"Se dou pinta é porque eu quero. Essa tropa enrustida de metidos a macho fala mal, mas faz as mesmas coisas que eu entre quatro paredes. E tem inveja do meu sucesso. Tenho jeans Diesel, perfumes Armani, óculos Roberto Cavalli. Até minhas sandálias de praia são de grife. Por isso, não me junto. Morram de inveja, bichas pobres, roupa de sulanca, classe D!"
E a roda vai girando, criando novos julgamentos, batendo neste e naquele, se aproveitando de ideias preconcebidas, crendices, rancores...
Você já teve um dia em que se assemelhou à vilã lá do Twitter, aquela babaca, estúpida, condenável, que te revoltou tanto quando jogou o ácido supercorrosivo do preconceito sobre seu orgulho? Você já destilou desprezo sobre alguém? Eu já.
Pense na fulana do Twitter, pense na queimadura, pense em como dói, pense em como cicatriza demorado.
Pense nela antes de carimbar, com raiva, agressão e afinco, loura de burra, rapaz rico de playboyzinho, negro de maloqueiro, gay de molestador devasso, gostosa de piranha, pobre de ignorante, sertanejo de atrasado, gente da capital de pedante.
Pense bem quando tua veia discriminatória, aquela que pulsa toda vez que vem o desejo de diminuir o outro pela ilusão de se autofortalecer, saltar.
Fonte: http://jc.uol.com.br/coluna/o-papo-e-pop/noticia/2010/11/05/preconceito-doi-cabra-da-peste-243240.php
Douglas Barros
www.papo-nerd.blogspot.com
Por Miguel Rios
Preconceito é difícil de sair da gente. Volta e meia, a gente se surpreende, se flagra, e até se orgulha, dizendo, pensando, compartilhando algum estigma contra o outro
Uma nova vilã, daquelas malvadas ao extremo, que dissemina e atrai ódio, de nível igual ou pior que qualquer Odete Roitman ou Nazaré Tedesco, está na mídia. É aquela garota lá do Twitter que nos ofendeu, nós nordestinos, nos indignou mais uma vez, nos fez relembrar preconceitos que pareciam estar se esvaindo, que se mostram ainda vigorosos, que machucam mesmo quem finge não ligar, quem tenta se mostrar acima.
Outra vez, doeu. Outra vez, ele voltou. Aliás, nunca se foi. Só estava mais quieto, nestes tempos de maior patrulha, de menos tolerância com os intolerantes.
Preconceito é difícil de sair da gente. Volta e meia, a gente se surpreende, se flagra, e até se orgulha, dizendo, pensando, compartilhando algum estigma contra o outro.
Mas se é na nossa pele que arde aí nos enfurece. Não pode, não se aceita, é absurdo, é opressor, ultrapassado, injusto.
A pele dos nordestinos queimou. Estigmas e estereótipos queimam mesmo.
A pele de qualquer tuiteiro do Piauí à Bahia ainda está, no mínimo, coçando. Tem aquele cara que posta dia após dia, insistente, resistente, mensagens contra a autora do ataque, sedento por não deixar barato.
"Como posso ser inferior?", pensa ele. "Sou inteligente, universitário, bonito, uso roupa boa, dentição completa, tenho laptop, carro, amigos no exterior, viajado, falo inglês, comecei no espanhol, já planejo meu MBA. Vou ter sucesso garantido! Como se pode dizer que sou inferior? Como se eu fosse um pobre qualquer, um mundiça desses, pipoca da vida, um beira-canal, que só serve para se apertar em ônibus, sujar a praia. Esse bando de assalariado farofa..."
E a roda do preconceito gira:
"Como posso ser farofa?", pensa um dos assalariados. "Ando de ônibus, moro em subúrbio, mas curto bandas legais, livros legais, filmes de arte. Tenho amigos descolados. Somos questionadores do status quo, dos padrões impostos pela sociedade de consumo. Tenho potencial. Farofa eu? Farofa e pipoca é essa negada ignorante, de gosto ruim, que curte pagode e axé, jeito marginal, enchendo o mundo com som alto de funk de CD pirata. Tenha dó!"
E gira...
"Sou negro sim, mas sou lindo! Curto o meu som e meu jeito moleque. Orgulho de raça, de gostar do que eu gosto, das raízes, de saber dançar melhor que branco. De morar onde moro. De me virar e arranjar algum para meu pai e minha mãe. Eles dois que me criaram com esforço e dignidade. Me fizeram um homem, homem mesmo. Se eu ainda fosse um desses veados safados podiam até falar. Aquilo é que é nojeira. Mas eu não tenho do que me envergonhar."
"Sexualidade não define caráter. O que eu faço na intimidade não é da conta de ninguém. Sou decente. Sou homem igual a qualquer outro. Ninguém se envergonha de estar ao meu lado. Sou másculo, não dou pinta, tenho um namorado sem trejeitos também. Não escandalizamos. Podemos frequentar qualquer ambiente. O problema são essas bichinhas afetadas, estes travestis que sujam a barra dos gays. Um horror."
Continua a girar:
"Se dou pinta é porque eu quero. Essa tropa enrustida de metidos a macho fala mal, mas faz as mesmas coisas que eu entre quatro paredes. E tem inveja do meu sucesso. Tenho jeans Diesel, perfumes Armani, óculos Roberto Cavalli. Até minhas sandálias de praia são de grife. Por isso, não me junto. Morram de inveja, bichas pobres, roupa de sulanca, classe D!"
E a roda vai girando, criando novos julgamentos, batendo neste e naquele, se aproveitando de ideias preconcebidas, crendices, rancores...
Você já teve um dia em que se assemelhou à vilã lá do Twitter, aquela babaca, estúpida, condenável, que te revoltou tanto quando jogou o ácido supercorrosivo do preconceito sobre seu orgulho? Você já destilou desprezo sobre alguém? Eu já.
Pense na fulana do Twitter, pense na queimadura, pense em como dói, pense em como cicatriza demorado.
Pense nela antes de carimbar, com raiva, agressão e afinco, loura de burra, rapaz rico de playboyzinho, negro de maloqueiro, gay de molestador devasso, gostosa de piranha, pobre de ignorante, sertanejo de atrasado, gente da capital de pedante.
Pense bem quando tua veia discriminatória, aquela que pulsa toda vez que vem o desejo de diminuir o outro pela ilusão de se autofortalecer, saltar.
Fonte: http://jc.uol.com.br/coluna/o-papo-e-pop/noticia/2010/11/05/preconceito-doi-cabra-da-peste-243240.php
Douglas Barros
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sábado, 6 de novembro de 2010
A poesia está morta? Viva a poesia!
Escrito por Fernando Monteiro
Hoje, o Brasil não apresenta poetas em listas de vendagens de nenhum tipo. Segundo os editores, poemas não vendem
São mais de 10 mil os poetas brasileiros em atividade neste momento. O número exato vai sendo atualizado pela carioca Leila Míccolis, numa espécie de censo, digamos, “poeternético”, no portal de literatura e cultura Blocos on Line.
“É muuuito poeta”, diria o desprezo intenso de nossa perplexidade. Apesar disso, as editoras do Brasil fogem de poesia como o diabo foge da cruz. Para elas, “livro de poesia” é algo indigesto, azarento e – numa palavra – maldito, porque “poesia não vende”, segundo a sentença unânime dos editores (mesmo que alguns nunca tenham experimentado incluir poetas nos seus catálogos de autores). Falsamente pesarosos, eles costumam balançar a cabeça, como se estivessem de fato lamentando: “Poemas, amigo, não vendem m-e-s-m-o”.
Leia a matéria na íntegra na edição 118 da Revista Continente.
outubro / 2010
Hoje, o Brasil não apresenta poetas em listas de vendagens de nenhum tipo. Segundo os editores, poemas não vendem
São mais de 10 mil os poetas brasileiros em atividade neste momento. O número exato vai sendo atualizado pela carioca Leila Míccolis, numa espécie de censo, digamos, “poeternético”, no portal de literatura e cultura Blocos on Line.
“É muuuito poeta”, diria o desprezo intenso de nossa perplexidade. Apesar disso, as editoras do Brasil fogem de poesia como o diabo foge da cruz. Para elas, “livro de poesia” é algo indigesto, azarento e – numa palavra – maldito, porque “poesia não vende”, segundo a sentença unânime dos editores (mesmo que alguns nunca tenham experimentado incluir poetas nos seus catálogos de autores). Falsamente pesarosos, eles costumam balançar a cabeça, como se estivessem de fato lamentando: “Poemas, amigo, não vendem m-e-s-m-o”.
Leia a matéria na íntegra na edição 118 da Revista Continente.
outubro / 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
INJUSTIÇAS DA LINGUA PORTUGUESA
A Sociedade Feminina Brasileira se queixa do
tratamento machista existente
na gramática portuguesa, e com razão...
Vejam os exemplos :
Cão ............ ......... ..melhor amigo do homem.
Cadela ............ .......puta.
Vagabundo ............ . homem que não faz nada.
Vagabunda ............ . puta.
Touro ............. ........homem forte.
Vaca ............ ......... .puta.
Pistoleiro ............ ...homem que mata pessoas.
Pistoleira.. .......... ......puta.
Aventureiro ......... ..homem que se arrisca,viajante,desbravador.
Aventureira ............ .puta.
Garoto de rua ..........menino pobre, que vive na rua,
um coitado.
Garota de rua ..........puta.
Homem da vida........ pessoa
letrada pela sabedoria adquirida ao longo da
vida.
Mulher da vida .......puta.
O galinha ............ ...o 'bonzão', que traça todas.
A Galinha ...............puta.
Tiozinho ............ .....irmão mais novo do pai.
Tiazinha ..................puta.
Feiticeiro ............ ...conhecedor de alquimias.
Feiticeira ............ ...puta.
Temer, Dilma, Ciro, Maluf, Lula, Jader Barbalho, Mercadante,
Renan Calheiros, Collor .........políticos.
A mãe deles ........... putas.
E pra finalizar...
Puto ..................... nervoso, irritado, bravo.
Puta .................... puta.
Depois de ler este e..mail:
O homem ................ vai sorrir.
A mulher ................. vai ficar puta...
Enviado por minha amiga Maria Nilce
tratamento machista existente
na gramática portuguesa, e com razão...
Vejam os exemplos :
Cão ............ ......... ..melhor amigo do homem.
Cadela ............ .......puta.
Vagabundo ............ . homem que não faz nada.
Vagabunda ............ . puta.
Touro ............. ........homem forte.
Vaca ............ ......... .puta.
Pistoleiro ............ ...homem que mata pessoas.
Pistoleira.. .......... ......puta.
Aventureiro ......... ..homem que se arrisca,viajante,desbravador.
Aventureira ............ .puta.
Garoto de rua ..........menino pobre, que vive na rua,
um coitado.
Garota de rua ..........puta.
Homem da vida........ pessoa
letrada pela sabedoria adquirida ao longo da
vida.
Mulher da vida .......puta.
O galinha ............ ...o 'bonzão', que traça todas.
A Galinha ...............puta.
Tiozinho ............ .....irmão mais novo do pai.
Tiazinha ..................puta.
Feiticeiro ............ ...conhecedor de alquimias.
Feiticeira ............ ...puta.
Temer, Dilma, Ciro, Maluf, Lula, Jader Barbalho, Mercadante,
Renan Calheiros, Collor .........políticos.
A mãe deles ........... putas.
E pra finalizar...
Puto ..................... nervoso, irritado, bravo.
Puta .................... puta.
Depois de ler este e..mail:
O homem ................ vai sorrir.
A mulher ................. vai ficar puta...
Enviado por minha amiga Maria Nilce
CRAVOS NEGROS
Mesmo agora
Sempre ouço as vindas e falas dos sábios homens das torres
Onde passaram a juventude a pensar. E, escutando,
Não encontrei o sal dos sussurros do meu amor,
O murmúrio das cores confusas, em que deitados
Ficávamos, quase adormecidos;
Eram palavras sábias, alegres palavras,
Lascivas como água, com o mel da ansiedade.
Mesmo agora
Não me esqueço que amei ciprestes e rosas,
As grandes montanhas azuis, as pequenas colinas cinzentas,
O marulho do mar. E houve um dia
Em que vi estranhos olhos e mãos como borboletas;
Por mim, as cotovias alçaram voo do timo ao amanhecer
E crianças vieram se banhar em pequenos córregos
Mesmo agora
Sei que saboreei o gosto intenso da vida
Erguendo taças de ouro no grande banquete.
Apenas por um momento fugaz e esquecido
Tive plenamente em meus olhos,
Desviados de meu amor,
A torrente alva da luz eterna...
(Poema sânscrito)
Sempre ouço as vindas e falas dos sábios homens das torres
Onde passaram a juventude a pensar. E, escutando,
Não encontrei o sal dos sussurros do meu amor,
O murmúrio das cores confusas, em que deitados
Ficávamos, quase adormecidos;
Eram palavras sábias, alegres palavras,
Lascivas como água, com o mel da ansiedade.
Mesmo agora
Não me esqueço que amei ciprestes e rosas,
As grandes montanhas azuis, as pequenas colinas cinzentas,
O marulho do mar. E houve um dia
Em que vi estranhos olhos e mãos como borboletas;
Por mim, as cotovias alçaram voo do timo ao amanhecer
E crianças vieram se banhar em pequenos córregos
Mesmo agora
Sei que saboreei o gosto intenso da vida
Erguendo taças de ouro no grande banquete.
Apenas por um momento fugaz e esquecido
Tive plenamente em meus olhos,
Desviados de meu amor,
A torrente alva da luz eterna...
(Poema sânscrito)
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