03/01/2013 02:16 - LUIZ JOAQUIM
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Sucesso midiático e de crítica, “O Som ao Redor” (Bra., 2012), primeiro longa-metragem de ficção de Kleber Mendonça Filho, enfrenta, a partir desta quinta-feira (03), seu mais cruel adversário: o mercado exibidor e seus habituais frequentadores. O filme, que tem uma sessão de pré-estreia às 20h50 no Cinemark 4 (Shopping RioMar), entra em cartaz nesta sexta-feira (04) em São Paulo e no Rio de Janeiro, além do Recife - também sendo exibido no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco. Num segundo momento, a produção chega a Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Salvador, Brasília e Goiânia.
Esta última conquista, do mercado pelo público, a ser alcançada por Kleber Mendonça é a mais incerta. Depois de circular por mais de 30 festivais de cinema em diversos países, arrebatando prêmios e elogios nestes eventos, “O Som ao Redor” brigará agora por espaço com arrasa-quarteirões como “Django Livre”, de Quentin Tarantino (18/01) e “Lincoln”, de Spielberg (25/01) por exemplo.
O êxito em terreno especializado (festivais e mostras) ao longo de 2012 certamente foi um bom empurrão para o filme chegar ao cruel circuito exibidor brasileiro, mas não há como garantir, neste momento, que ele consiga permanecer em cartaz por muito tempo. Na verdade, o público - essa massa amórfica e misteriosa - é o único responsável capaz de legitimar que o título continue em projeção para além das duas primeiras semanas nos multiplex - período médio de uma filme brasileiro neste ambiente, para o caso dele não cair no gosto popular.
No Recife, “O Som...” teve duas sessões concorridas em 2012. Uma no Vivo Open Air (mais de mil pessoas em novembro) e outra no Cinema da Fundação (200 pessoas em dezembro). Há especialistas que apostam na obra de Mendonça como o primeiro arrasa-quarteirão pernambucano da história; outros dizem que seu público potencial já teve acesso ao filme e só alguns poucos curiosos ou desavisados irão conferi-los no circuito comercial. O fato é que não dá para prever e justamente esta incerteza torna a estreia uma das mais curiosas do cinema nacional.
Num mercado cujo combustível é essencialmente o marketing e a publicidade, como é o circuito exibidor, uma produção modesta como “O Som ao Redor” conta (além da mídia espontânea dos prêmios em 2012) com sua boa qualidade. Afinal, não foi apenas pela competência administrativa de circulação e divulgação feita pela produtora CinemaScopio que o filme tornou-se um sucesso. Nada disso aconteceria sem que existisse consistência política, social e humor na narrativa cinematográfica por trás do enredo.
Enredo que, se você ainda não sabe, apresenta a chegada de uma firma de segurança particular chefiada por Clodoaldo (Irandhir Santos) numa rua de classe média da Zona Sul recifense; enquanto a dona de casa Bia (Maeve Jinkins) tenta administrar a vida com o cachorro barulhento do vizinho, e o corretor (Gustavo Jahn) tenta se adaptar ao Brasil depois de viver na Alemanha. Que o público consiga enxergar a beleza desta crônica simples e poderosa sobre a vida urbana.
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