domingo, 27 de fevereiro de 2011

Escritor Moacyr Scliar morre aos 73 anos em Porto Alegre

Dom, 27 Fev, 01h35

Rio de Janeiro, 27 fev (EFE).- O escritor brasileiro Moacyr Scliar, autor de cerca de 70 obras entre romances, contos, ensaios e histórias infantis, morreu na madrugada deste domingo no hospital no qual estava internado desde o dia 17 de janeiro, quando sofreu um acidente vascular cerebral, informaram seus médicos.

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O romancista, colunista e ensaísta de 73 anos e que também tinha sido hospitalizado este ano para a retirada de pólipos no intestino, morreu como consequência de uma falha múltipla de órgãos, segundo o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

O velório do escritor será realizado este mesmo domingo na sede da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, segundo anunciaram seus familiares.

Scliar nasceu no dia 23 de março de 1937 em Porto Alegre em uma família judia que emigrou de Bessarabia (Rússia) no início do século XX.

O escritor se formou médico, era especialista e doutor em Saúde Pública, e exerceu sua profissão como funcionário do Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência do Porto Alegre.
Sua primeira obra, "Histórias de médico em formação", publicada em 1962, relata precisamente suas experiências pessoais como estudante de medicina.
Sua obra tem uma forte influência da tradição judaica, cuja comunidade no Brasil o cita como um de seus principais representantes no país.

O escritor foi eleito membro da Academia Brasileira das Letras em 2003 e conquistou o prêmio Jabuti, um dos mais prestigiosos na literatura brasileira, em quatro oportunidades (1988, 1993, 2000 e 2009), a última das quais por seu romance "Manual da Paixão Solitária", a última que escreveu.
Entre suas principais obras destacam "A Guerra no Bom Fim", "O Carnaval dos Animais ", " O Centauro no Jardim", "O Exército de um Homem Só", " A Estranha Nação de Rafael Mendes" e "Max e os Felinos".

Algumas das obras de Scliar, que também era colunista dos jornais "Zero Hora" e "Folha de São Paulo", foram adaptadas para o teatro e a televisão, inclusive no exterior. EFE

Agencia EFE (www.efe.com)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Tetro, o filme mais pessoal de Coppola

Título original: Tetro
Duração: 127 minutos (2 horas e 7 minutos)
Gênero: Drama / Mistério
Direção: Francis Ford Coppola
Ano: 2009
País de origem:EUA / ITÁLIA / ESPANHA / ARGENTINA
LANÇAMENTO:17 de Dezembro de 2010


Sinopse do Filme Tetro:
O ingênuo Bennie, de 17 anos, chega a Buenos Aires com o objetivo de encontrar seu irmão mais velho, Tetro, que está desaparecido há mais de uma década. Sua família se mudou da Itália para a Argentina quando eles ainda eram crianças mas, graças ao sucesso do pai deles, Carlo, como maestro, logo se mudaram para Nova York. Bennie consegue encontrar o irmão, mas ele não é quem esperava. Tetro tornou-se um poeta melancólico, bem diferente da pessoa que Bennie se lembrava.

Elenco do Filme Tetro:
Carmen Maura,
Maribel Verdú,
Vincent Gallo,
Alden Ehrenreich.

Reviews // CinemaCinema \ por Priscila Armani \ 20.12.2010
Tetro, o filme mais pessoal de Coppola
Vincent Gallo dá vida a um personagem que rejeita a família e possui muitas semelhanças com a trajetória pessoal de Coppola.
Durante sua visita ao Brasil no início de dezembro para promover seu novo filme, Tetro, Francis Ford Coppola declarou aos jornalistas que sua carreira havia sido "ao contrário" do que normalmente acontece com os realizadores no Cinema. Segundo ele, um jovem diretor começa por curtas e longas "pequenos", filmes modestos, de menor orçamento. Ele iniciou sua carreira com O Poderoso Chefão e Apocalipse Now, duas produções enormes, de milhões de dólares, blockbusters de grande alcance, mas cujas histórias não eram pessoais. Agora, na maturidade, dirige um filme bastante simples, de roteiro extremamente pessoal, talvez a produção mais íntima que jamais tenha feito em toda a sua carreira. De acordo com o próprio diretor, "eu estava me preparando a vida toda para fazer Tetro". E quando você assiste ao filme, percebe que é exatamente isso. A obra de uma vida.
A história do protagonista, interpretada por Vincent Gallo, tem incontáveis semelhanças com a infância e adolescência do realizador. Para aqueles mais afoitos, não se precipitem: é uma ficção. Não é a história da vida do diretor. Mas no roteiro, escrito pelo próprio Coppola em parceria com Mauricio Kartun, há pinceladas auto-biográficas aqui e ali (inclusive o próprio título), que tornam tudo muito profundo e sincero. Interessante depois de assistir a obra é pegar os dados biográficos da história da vida dele e ir comparando com o que acontece aos personagens do filme. Inevitável não se admirar e descobrir muitas coisas.

Mas vamos ao enredo: Tetro (Vincent Gallo) abandona a família e se isola em Buenos Aires. Seu irmão Bennie (Alden Ehrenreich) não se conforma com sua partida e aproveita uma oportunidade para ir atrás dele. Quando chega à cidade, se encontra com Miranda (Maribel Verdú), a despachada e carinhosa esposa do irmão. Ao contrário do que imagina, não será nada fácil para Bennie resgatar as lembranças da infância e montar o quebra-cabeças deixado por Tetro em sua vida.

Filmado em Buenos Aires e em preto e branco, o filme já começa nos dando uma perspectiva fantasmagórica e assustadora da cidade. A iluminação noturna dá um ar misterioso, que é reflexo do que Bennie sente, na expectativa de reencontrar o irmão que não vê há tanto tempo. Registrando tudo sem cores, a intenção de Coppola é brincar com a nossa percepção das cores: normalmente o p& b remete a lembranças, dá a sensação de que são acontecimentos do passado aquilo que vemos. Mas logo percebemos que no universo do filme isso não se confirma e o tempo atual dos personagens não tem cores enquanto a memória e aquilo que os personagens sonham ou imaginam é que é colorido. Um recurso extremamente interessante. E que mostra a inventividade do cineasta.

Esta continua na forma como ele opta por registrar as cenas, usando a luz e a sombra como suas aliadas, numa fotografia lindíssima de Mihai Malaimare Jr., que valoriza demais o filme. A única cena com certa sensualidade do filme ganha uma tonalidade poética e quase melancólica, graças ao jogo de luz. Merecem destaque também outras duas sequências: na primeira, uma dança magnífica da câmera. Ainda antes de ver o irmão, ela começa focalizando Bennie de forma bastante impessoal e vai fechando em close até flagrá-lo chorando durante a leitura de uma carta muito marcante. Já na segunda, uma discussão intensa entre os irmãos é registrada de forma muito peculiar, com primeiramente a sombra de Tetro na parede quando fala com Bennie e depois o reflexo deste no espelho enquanto a câmera mostra diretamente apenas Tetro, num jogo de cena no qual nunca percebemos ambos num mesmo contexto ao mesmo tempo, apesar de dividirem o espaço e falarem um com o outro. Fascinante, para dizer o mínimo.

O recurso de fechar um pouco a moldura da imagem para indicar que o que estamos vendo é uma lembrança ou um sonho também é muito inteligente. É quase como se Coppola dissesse: "quando lembramos, vemos tudo através de molduras". Isso, aliado às cores, tornam as sequências de inevitável melancolia e são essenciais para entendermos como é o mundo imaginário de Tetro, no qual ele muitas vezes se isola. O olhar e a expressão de Gallo também são reveladores e indispensáveis na caracterização do personagem, que jamais teria a mesma força se fosse feito por outro ator, uma escolha de casting sensacional. O ator norte-americano tem vasto currículo em produções independentes e cults, sendo pouco conhecido e até subutilizado, podemos perceber nesse filme. Já Ehrenreich lembra um Leonardo Di Caprio jovem, que começa a deixar Titanic pra trás em Gangues de Nova York. Descoberto por Spilberg durante o bat mitzvah de uma amiga de sua filha, o rapaz fez pouca coisa até então e, levando-se em conta a inexperiência, se sai muito bem, dando sutileza e sensibilidade à história. A espanhola Maribel Verdú também está excelente e, apesar de ter feito muita coisa já, inclusive O Labirinto do Fauno em 2006, ainda não foi descoberta por Hollywood, o que é uma pena.

Não pode deixar de ser mencionada a montagem realizada pelo vencedor do Oscar Walter Munch, em parceria com Coppola mais uma vez, um verdadeiro artista e gênio, cuja experiência só engrandeceu a obra e sem a qual o filme jamais funcionaria como funciona. Outro ponto alto da parte técnica da produção é a trilha sonora do argentino Osvaldo Golijov, que remete à melancolia do protagonista quando mescla jazz, tango e violão, ao mesmo tempo que mistura música clássica e instrumental, num contexto que se encaixa maravilhosamente na história do personagem-título.

Tetro é uma obra bem forte, que mostra a influência determinante que as raízes italianas exerceram sobre Coppola. É um filme que trata, acima de tudo, sobre a importância da família na vida dele e um exorcismo dos esqueletos que estavam em seu armário até então. Passando suas memórias a limpo, o mestre ainda consegue nos entreter, criando uma trama pessoal e, ao mesmo tempo, ficcional e surpreendente. Se ele passou a vida toda se preparando para realizá-lo, talvez muitas pessoas ainda não tenham vivido o suficiente para estarem preparadas para assistí-lo e compreendê-lo. Tem que ter estômago. Mas é uma saga gratificante de acompanhar, sendo muito edificante quando chegamos ao seu final.
www.opperaa.com/814-tetro-o-filme-mais-​pessoal-de-coppola-.html


Curiosidades do Filme Tetro:
- Francis Ford Coppola decidiu rodar Tetro da mesma forma que O Selvagem da Motocicleta (1983), em preto e branco, por acreditar que os filmes possuem uma “conexão espiritual”;

- Francis Ford Coppola resolveu rodar Tetro em widescreen como forma de evocar os filmes dirigidos por Akira Kurosawa;

- Francis Ford Coppola queria que Matt Dillon fosse o intérprete de Tetro, mas o ator não pôde aceitar o papel devido a compromissos já firmados com outras filmagens;

- Inicialmente seria Javier Bardem o intérprete de Alone, tutor de Tetro. Entretanto, ao revisar o roteiro Francis Ford Coppola chegou a conclusão de que o relacionamento entre os personagens teria maior apelo caso fosse entre um homem e uma mulher, ao invés de dois homens. Desta forma, Bardem deixou o elenco e em seu lugar foi contratada Carmen Maura.
(www.baixaroucomprar.com/dvd-filme-tetro.html)



O filme segue em cartaz no Cinema da Fundação, Recife.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Tereza Costa Rêgo

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Filha de uma família tradicional da aristocracia rural pernambucana, Tereza teve uma educação bastante rígida e repressora. Mas através da arte expressava seus sentimentos, pois começou a pintar ainda criança, ingressando na Escola de Belas Artes com apenas 15 anos. Durante 14 anos foi casada e teve duas filhas: Maria Tereza e Laura Francisca. Durante este período, se dedicou quase que exclusivamente à pintura o que fez com que fosse contemplada com três prêmios do Museu do Estado e outro da Sociedade de Arte Moderna. Em 1962, realizou a primeira grande exposição, na Editora Nacional.

No mesmo ano, Tereza envolveu-se com Diógenes Arruda, dirigente do Partido Comunista. Começou um romance arrebatador, que a levou a fugir da cidade, deixando para trás o casamento falido. Em São Paulo, por motivos políticos, viveu na clandestinidade até 1969, quando seu companheiro foi preso. Aproveitou o tempo fora de Recife para se dedicar à arte e aos estudos, formando-se em história na USP. Depois de formada, passou a dar aulas de História para vestibulandos e a trabalhar como paisagista em um escritório de planejamento.

Em 1972, quando Arruda foi libertado. O casal seguiu exilado para o Chile. Entretanto, não tardou a chegada do Golpe, que obrigou Diógenes, novamente, a se mudar. Tereza e seu companheiro foram para Paris, onde passaram seis anos. Afastada das filhas, dos irmãos, a artista abandonou um pouco a própria vida, para ser a mulher do líder comunista. Mas em momento algum parou de pintar. Expôs seus quadros, assinando com o nome de Joanna. Fez doutorado em História, na Escola de Altos Estudos da Sorbone, na França, escolhendo a história do proletariado brasileiro como tema para sua tese.

De volta ao Brasil, em 1979, Tereza sonhava em reconstruir sua vida. Mas depois de tantas tristezas, torturas, exilado de sua Nação, Diógenes não resistiu à chegada no Brasil e morreu de ataque cardíaco, deixando Tereza completamente arrasada. Com todos os acontecimentos na sua volta ao Brasil, ela teve que resgatar a vida que havia deixado para trás e decidir o rumo da sua vida. Desta vez, sem seu grande amor: Diógenes.

Firmou-se como artista plástica de destaque em Pernambuco. Comprou uma casa em Olinda, onde mora e pinta. Fez mestrado em História na UFPE e começou a trabalhar na Prefeitura de Olinda. Foi diretora do Museu Regional e, por 12 anos, do Museu do Estado de Pernambuco. São Paulo, Rio de Janeiro, Lisboa, Paris, Cuba entre outras cidades foram cenário para as exposições da artista que escolheu o Museu do Estado de Pernambuco como local para comemorar seus 80 anos de vida e arte.


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Ateliê Tereza Costa Rego
Rua do Amparo, nº 242, Amparo, Olinda-PE
Telefone: (81) 3429-2008
CEP:53.020-190
e-mail: tereza@terezacostarego.com.br

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Existe um Céu



Francis Hime
Composição: Francis Hime/Geraldo Carneiro

Existe um céu onde moram as amadas
Que o coração desinventou
Um lugar onde vagueiam palavras de amor
Restos de sol e solidão
Ecos de falas amplificadas pela paixão
Que na poeira do tempo se desfez

O amor é o bem maior que existe em mim
O amor é o mal maior que existe em mim
O amor é o bem maior
O amor é o mal e o bem

Existe um céu-labirinto, minha amada,
E a minha sombra ali vagueia para sempre
Entre os fantasmas da celebração e da dor
Entre os fantasmas da celebração e da dor.