Ontem, fui ver o espetáculo de dança Leve, das bailarinas Maria Agrelli e Renata Muniz, um duo contemporâneo que recebeu seis prêmios na última edição do festival janeiro de Grandes espetáculos e que agora está sendo apresentado numa grande sala do 3º andar no Centro Cultural dos Correios. O público é convidado a sentar bem próximo a cena, em tapetes brancos espalhados pelo chão ou sentar nas cadeiras para vivenciar bem de perto a perda, partidas, a morte de alguém próximo, enquanto a voz de Isaar entoa o tom e o pesado desejo de tocar levemente a ferida, menos dos olhos, mais do coração.
Tudo no espetáculo é pensado de forma sensível para nos envolver nas sensações de luto (raiva, dor, medo, desespero, o peso na garganta, a saudade intensa, vazio, tristeza profunda).
De acordo com Olívia Mindelo (jc/caderno c de 18/03/10-6), "o trabalho prima por uma pesquisa cênica que sabe o quanto a dor pode ser bela. Se a beleza é a condição da arte, aqui ela é corrosiva. Na obra em questão, leve nada tem a ver com algo de fácil digestão, como é a lógica do entretenimento. Leve é, em síntese, aquilo que a poeta Alice Ruiz descreveu como o milagre que sai a cada mil lágrimas. Gota a gota. Uma a uma".
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