quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Algumas coisas não mudam nunca... o atraso e a lotação do ônibus Monsenhor Fabrício, a chatice de algumas pessoas, a solidão, o tic-tac do relógio, a passagem do tempo, o tempo não para.
Romântico é sonhar e eu sonho assim,
cantando estas canções para quem ama igual a mim.
— Cássia Eller

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

algumas coisas não mudam, mas dependendo do estado de espírito de quem está vendo, não cansa. O mundo gira o tempo todo e concordo com Chico Science, um passo, outro lugar. Outras coisas não mudam -  fazer esperar, ligar dezenas de vezes dizendo que está chegando e nunca chega, fazer se arrastar para um encontro, ter as mesmas conversas, as mesmas lamentações, ver o corpo engordar, citar frases de efeito, teorias que não se equivalem à prática, sentar numa mesa de bar, jogar conversa fora, tentar seduzir pelo álcool, gestos ou palavras. Parece que o giro foi de 180º ao contrário. Algumas coisas não mudam mesmo. Quero algo novo. Se pudesse fechar os olhos e girar, faria alguma diferença?

domingo, 25 de dezembro de 2011

Hoje é domingo

É o último domingo do ano que não parece domingo, que não está tedioso, que não está morgado, silencioso, insosso, solitário. Fizemos o amigo secreto de casa e também a entrega de presentes para todos. Começou por Luana que tirou Mariana que me tirou. Tirei Ofélia que tirou Luana que já havia tirado. Recomeçou por Luciene que tirou vovó que tirou vovô que tirou Margareth que tirou Aparecida que tirou Leônidas que tirou Luciene. Fizemos muitas poses, caras, bocas, muito barulho e confusão.
Voltou a fazer silêncio, chuveiro e descarga funcionando. Ao cair da tarde, sairei com minha amiga Vera, iremos assistir ao "Baile do Menino Deus" no Marco Zero, depois vamos visitar a decoração do recife antigo, comer e beber alguma coisa e porque hoje é domingo e não há pressa, fico até com preguiça de pensar, sair do canto, sentir saudade...

domingo, 11 de dezembro de 2011

Mudança






Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!




***Texto de Clarice Lispector

domingo, 4 de dezembro de 2011

                                      
(closed area (by daylessday)


A LISTA
Oswaldo Montenegro

 
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você

Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver

Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você

Acasos






Desde sexta-feira (01/12) vem acontecendo coisas estranhas comigo. Havia cinco chamadas não atendidas no meu celular, de um número não reconhecido. Liguei e quem atendeu foi a diretora da escola. Alguns minutos depois, perguntei se ela havia ligado para mim, não havia. Conferi o número, completamente diferente.
Ontem, passei 7 horas na companhia de uma pessoa chamada Fábio. Peguei meu ônibus e sentei numa cadeira onde já havia um rapaz. Em certo momento, começamos a conversar e quase me surpreendi quando me disse se chamar Fábio. São apenas coincidências ou tem outro nome?