domingo, 21 de agosto de 2011

A LETRA E A VOZ

Conheci pessoalmente hoje a poética de Marco Polo, um dos homenageados no 9º Festival Recifense de Literatura -  A Letra e a Voz, que teve abertura oficial hoje no Teatro Santa Isabel e se estende até o dia 28/08.

PONTO DE LUZ

teu sorriso atravessa
uma ponte de silêncio



TANGO PARA RECIFE

amar esta cidade
pescá-la
em anzol de palavras
deitá-la
na palma da mão

revolvê-la na boca
sorvê-la
detê-la na ponta da língua
bebê-la
em goles de sede

absorvê-la
depois dizê-la
que é o mesmo que sê-la



MARIA CRISTINA

teu cabelo de ouro arrancado
à mina e trazido ao sol
tem cheiro íntimo de terra 




DELICADEZA

levantar com a unha, um sopro
na superfície da água
a pele da lua 



SEM TÍTULO

tal como crianças
brincando de luta
brincar com palavras
a luta mais sã




SEM TÍTULO

cada vez
mais
poesia é
menos 




SEM TÍTULO

o rio envolve a cidade
com seus reflexos nome cheiro
suas escamas seu aquário
seus engastes de água
roça nas casas
sua lua líquida
espaços de silêncio
seu jorro têxtil e carne

ainda intacta
a cidade brota
- caroço bruto -
do centro do fruto


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Bazar de poesia

Iansã
rima
com Tupã. 
Deus é pan?
 J. Cardias


Quarto de hotel


Na solidão dessa insônia
não conto carneirinhos:
conto estrelas
uma a uma 
expostas feito um quadro
na moldura da janela.


Rogério Salgado (RJ)




CÉU DE CONFEITEIRO
uma fatia de céu
é dada
nesta noite de maio

quinhão que cabe ao homem
que da janela espera

a urbe apita
e o calor
se faz bruma e precipício

uma fatia de céu
é dada
aos amantes da varanda

quinhão que cabe ao amor
em tempos de luas magras

Cida Pedrosa (PE)




Na desordem do quarto
me largo de quatro
abro passagem para os sonhos 
e os homens da minha vida


Entre as quatro paredes do quarto
passa a cor
passa a dor
passa os cheiros
passatempo.
Léa Malta